Recordando:
“Minha Esperança” é um esforço evangelístico das igrejas brasileiras em parceria com a Associação Evangelística Billy Graham, para que cada cristão do país alcance seus amigos, familiares e vizinhos com o evangelho da esperança em Jesus Cristo, convidando-os a vir à sua casa para assistirem a três programas de televisão, por três noites consecutivas através de uma rede de alcance nacional e em horário nobre, fazendo com que tornem-se parte de uma igreja local, tão logo se convertam a Cristo.
Resultados:
Abaixo você pode encontrar os resultados concretos de o que Deus fez no Brasil no ano passado, através do projeto Minha Esperança. Estamos muito alegres com os resultados!
Convidados - 1.844.491
Decisões totais - 340.704
- salvacao – 254,984
- rededicação – 85,720
Igrejas Relatando - 40.264
Lares Mateus Relatando - 355.725
Páginas
Quem sou eu
- Eliude Sena
- CIDADE OCIDENTAL, GO, Brazil
- Pr. ELIUDE SENA SOU CASADO COM IVONE FONSECA SENA E PAI DE DOIS LINDOS FILHOS JHON WESLLEY E JHENNIFER FONSECA. ACEITEI A JESUS COMO MEU SALVADOR E SENHOR NO DIA 15/08/1993 E FUI BATIZADO NAS AGUAS DIA 29/10/1994 E RECEBI O BATISMO COM O ESPIRITO SANTO DIA 12/11/1994 E SEPARADO A AUXILIAR NO MINISTÉRIO DO PASTOR ANTONIO MOURA DA SILVA IMMEMORIA NO DIA 05/07/1998 E A DIACONO NO MINISTÉRIO DO PASTOR VALMIR DELMA DA SILVA NO DIA 07/01/2001 E A PRESBITÉRO, NO MINISTÉRIO DO PASTOR JOSÉ ALVES DE OLIVEIRA 15/10/2005 NA ASSEMBLÉIA DE DEUS EM PACAJÁ NO PARÁ, A QUAL FUI SECRETÁRIO DE MISSÕES POR 2 ANOS CONSECUTIVOS, FIZ PARTE DO CONSELHO FISCAL DA IGREJA, SUPERVISIONEI 4 CONGREGAÇÕES, ONDE ESTUDEI O CURSO BASICO E MEDIO EM TEOLOGIA, E FUI PROFESSOR DA ESCOLA BIBLICA DOMINICAL. E HOJE ESTOU PASTOREANDO A ASSEMBLÉIA DE DEUS-CIADSETA NA CIDADE OCIDENTAL-GO ONDE TIVE A MINHA POSSE EM 26 DE JANEIRO DE 2011, E ESTOU PARA FAZER A DIFERENÇA NA OBRA REDENTORA DE CRISTO JESUS.............
DEUS TEM VITÓRIA PARA VOCÊ
SEJA BEM VINDO, MEU AMIGO E IRMÃO EM CRISTO JESUS, DEIXE SEU COMENTARIO E ESTAREMOS ABENÇOANDO A SUA VIDA.
terça-feira, 21 de abril de 2009
A CHAMADA E VOCAÇÃO DE BARTOLOMEU
BARTOLOMEU
"Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa boa vinda de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê."
João 1.46
Desse discípulo, cujo nome significa literalmente Filho de Talmai, muito pouco se sabe, do ponto de vista bíblico.
Natural de Cana da Galiléia (Jo 21.2), Bartolomeu é citado por alguns escritores cristãos primitivos como sendo descendente da casa de Naftali, embora outros autores, numa alusão ao historiador Jerônimo, sugiram um paralelo entre seu nome e os descendentes de Talmai, rei de Gesur (2 Sm 3.3), que fora pai de Maaca, mãe de Absalão.
Outra tradição, não menos curiosa, conecta as origens do apóstolo à casa real egípcia dos Ptolomeu. Nenhuma das três hipóteses, infelizmente, vai muito além da simples conjectura.
Elias de Damasco, escritor cristão do século IX, foi o primeiro autor de que se tem notícia a identificar Bartolomeu com Natanael, personagem leva¬do a Cristo por Filipe, como vemos em Jo 1.45,46. Sobre essa questão, o saudoso escritor britânico John D. Jones em seu livro The Apostles of Jesus (p-75), esclarece:
"Nada havia de incomum no fato de um apóstolo possuir dois nomes. Simão era também chamado Pedro; Levi era conhecido na Igreja como Mateus e um outro dentre os doze se regozijava em ser conhecido por três nomes: Lebeu, Tadeu e Judas! Não há, portanto, a priori, qualquer improbabilidade quanto à sugestão de que o sexto apóstolo, de igual modo, possuísse dois nomes, especialmente quando lembramos que Bartolomeu (Bar-Tohnai), assim como Bar-Jonas, tratava-se apenas de um nome patronímico ou, ainda, de um sobrenome."
Vejamos se há, de fato, alguma outra razão bíblica para a associarmos o quase desconhecido Natanael com o discípulo de nome Bartolomeu. Natanael é um nome que aparece mencionado exclusivamente no Evangelho de João e, assim mesmo, em apenas duas ocasiões: no primeiro capítulo (Jo 1.45-51) - onde temos sua vocação - e, timidamente, no último (Jo 21.2). Ora, se todos os vocacionados no capítulo inicial desse evangelho (André, João, Pedro e Filipe) se torna¬ram, mais adiante, discípulos de Jesus, temos na chamada de Natanael uma forçosa sugestão de que ele também veio a se tornar um dos doze. Se assim não fosse, seria deveras difícil compreen¬der porque João - no início de seu evangelho -dedicou tanta atenção a alguém sem íntima liga¬ção com a vida de Jesus e de Seus seguidores.
Se o primeiro capítulo de João torna provável o discipulado de Natanael, o último faz disto um fato acima de qualquer dúvida. Ali, acompanhan¬do Pedro, João, Tiago e Tomé em seu antigo ofício, Natanael é citado pelo evangelista como um dos discípulos (Jo 21.2), ao lado dos quais testemunhara as gloriosas aparições do Cristo ressurreto na Galiléia.
Contudo, se Natanael foi de fato um dos doze, com qual deles seria mais razoável identificá-lo? Não haveria nada que vinculasse esse nome com qualquer um dos apóstolos, não fosse por um pequeno detalhe que veremos a seguir. Uma rápida leitura em três das quatro citações que con¬têm a listados apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.16- 19; Lc 6.14-16) é sufici¬ente para percebermos que o nome de Bartolomeu aparece associado ao de Filipe; esse fato, endossado pelas narrativas posteriores da história ecle¬siástica, nos faz suspeitar de uma relação próxima entre ambos, preceden¬te à chamada de Bartolomeu ao discipulado cristão. Se interpretarmos esse relacionamento à luz de Jo 1.45-46, onde vemos Filipe buscando testemunhar de Cristo para seu amigo Natanael, poderemos ter, então, nas figuras de Bartolomeu e Natanael a mesma pessoa. Embora insufici¬entes, são essas as únicas sustentações bíblicas que justificam a alegada fusão dos personagens citados. A despeito de sua fragilidade, essa hipóte¬se norteará, a seguir, o perfil do apóstolo que enfocamos nesse capítulo. Desta forma, associaremos, daqui em diante, o nome de Bartolomeu ao de Natanael.
A vocação de Bartolomeu
Nos dias apostólicos, dizia-se em Israel que alguém que costumava des¬cansar sob a sombra de uma figueira era, certamente, uma pessoa de posses. Embora tenha sido exatamente essa a situação em que Bartolomeu se encon¬trava, momentos antes de ser abordado por Filipe (Jo 1.48), sugerir algo semelhante acerca do apóstolo em questão tendo por base apenas essa passa¬gem seria, no mínimo, uma especulação grosseira. E muito mais provável, entretanto, que Bartolomeu — assim como a maior parte de seus condiscípulos — tenha desfrutado de uma vida típica dos galileus habitantes das regiões próximas ao Lago de Genesaré, marcada pela simplicidade e pelo trabalho árduo.
Como a maior parte dos discípulos, Bartolomeu parece ter sido um ho¬mem profundamente sintonizado com as expectativas messiânicas de sua época. O notável testemunho de Jesus a seu respeito (Jo 1.47) deixa transparecer o perfil de alguém que serviu-se da Lei e dos profetas não apenas para orientar suas esperanças na gloriosa redenção de Israel, mas também para desenvolver em seu íntimo uma espiritualidade frutífera, de¬terminada pelas diretrizes da sabedoria divina, sobre a qual comenta o após¬tolo Tiago (Tg3.17).
"A sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento."
A irônica resposta dada a Filipe (Jo 1.46), consoante ao fato de o Messi¬as ser proveniente de Nazaré, não deve ser interpretada como uma atitude discriminatória de Bartolomeu contra essa pequena cidade da Galiléia, em cujas proximidades ele próprio nascera. Aqui, o mais provável é que o futu¬ro apóstolo estivesse externando seu ceticismo diante da possibilidade de alguém da magnitude do Messias — tal como era aguardado em Israel — ser procedente de um lugar tão irrelevante e sem nenhuma representatividade nacional. Sobre esse detalhe, comenta John D. Jones (op. cit., p. 80).
"Embora grande estudante das Escrituras, Natanael as enxergava, eu diria, através das 'lentes' rabínicas. Ele aguardava o Messias, porém aquele por quem esperava certamente não era o Messias descrito como Servo Sofre¬dor em Isaías 53, um homem de dores e que sabia o que era padecer; Aquele para quem Natanael dirigia suas expectativas era apregoado pelos 'rabbis' como um grande príncipe, vestido de púrpura e circundado por toda pompa e esplendor da realeza."
Se há algo que se pode afirmar sobre Bartolomeu, antes de sua vocação apostólica, é que se tratava de um homem veraz em seu coração. No caso do apóstolo, essa virtuosidade pressupõe uma intensa devoção e integridade religiosa. Isso é o que e pode concluir a partir da observação feita por Aquele que o separou para o discipulado (Jo 1.47):
"Jesus, vendo Natanael (Bartolomeu) aproximar-se dele, disse a seu res¬peito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!"
E provável que Jesus, ao Se valer da expressão "verdadeiro israelita", estivesse tentando avultar não o zelo de Bartolomeu quanto à observância exterior da Lei, mas sua fidelidade para com os mandamentos divinos no mais íntimo da alma. Essa expressão nos remete à Epístola aos Romanos, onde o ex-fariseu Paulo complementa (Rm 2.28-29).
"Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é de coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus."
O louvor do qual Bartolomeu foi alvo complementa-se com a significa¬tiva observação em quem não há dolo. No ensinamento contido em Mt 7.21-23, Jesus refere-Se ao dolo como um dos males originários do coração, responsáveis pela contaminação do ser humano. O termo grego dolos corresponde em significado ao seu descendente português, isto é., fraude, astúcia, engano, maquinação. Na referência a índole de Bartolomeu, Jesus emprega seu equivalente negativo, a dolos. Essa expressão, ocorre também em 1 Pe 2.22, onde descreve a pureza e a perfeição de caráter do Senhor.
Inspirado nas palavras de apreço do Mestre em relação a Seu futuro discípulo - mas certamente cruzando as fronteiras da conjectura -John D. Jones concebeu assim o perfil de Bartolomeu (op. cit., p.77, 82):
"A primeira coisa que diria acerca de Natanael é que era um homem entre¬gue ao estudo, à meditação e à oração. Julgando pelo fato de seu nome ocorrer na lista daqueles que decidiram retornar, ao lado de Pedro, à pescaria, deduzo que Natanael, assim como seus irmãos e apóstolos, era pesca¬dor. Contudo, nunca se permitiu absorver por seus negócios. Praticava a pesca apenas como meio de subsistência, porém seu coração estava volta¬do para as coisas lá do alto. Cada momento que podia arrebatar de seus afazeres diários, ele os devotava à meditação e à oração silenciosa.
Havia, naqueles tempos, um círculo de israelitas cujas almas estavam vol¬tadas à oração. Homens como Simeão, que ansiava pela consolação de Israel, e mulheres como Ana, que jamais deixava o templo, onde adorava com súplicas e jejuns, dia e noite. Natanael era um dos que compunham esse seleto e consagrado círculo.
No jardim que possuía, junto a sua humilde casa, havia uma figueira sob a sombra de cujas folhas Natanael passava horas a fio, em clamor a Deus ou absorvido em estudos sobre os legados de Moisés e dos profetas.
(...)
Ele era qual o patriarca Jacó, um príncipe diante de Deus, no poder de suas orações. Contudo, ao contrário daquele, não tinha em sua natureza qualquer traço de engano ou sagacidade.
Newman, no segundo volume de seus 'Sermões', nos mostra como o 'homem sem dolo' é descrito no décimo quinto salmo: 'Então Davi per¬gunta: Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive em integridade e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que jura com dano próprio, e não se retrata.' Este é o perfil de Natanael."
Conquanto fantasiosas em alguns aspectos, as diversas descrições sobre o ministério pós-bíblico de Bartolomeu, sobre o qual falaremos adiante, suge¬rem que o jovem discípulo não poupou esforços para proclamar o evangelho através de regiões por vezes hostis, freqüentemente longínquas e quase sem¬pre estranhas a sua terra e sua cultura. Num desses lugares, Bartolomeu, como muitos dos condiscípulos, parece ter selado com seu próprio sangue o teste¬munho de Jesus.
Os vestígios deixados por suas jornadas, ainda que raros, podem ser mais uma evidência de que as missões apostólicas atingiram, antes do final do primeiro século, a distante índia, país que, pela dimensão de suas trevas espirituais, constitui ainda hoje um dos maiores desafios missionários transculturais.
Bartolomeu na Ásia Menor
A região da Ásia Menor (atual Turquia) é notoriamente apontada pela tradição como um dos palcos de maior atuação do apóstolo Bartolomeu em suas jornadas missionárias.
A obra apócrifa Atos de Filipe, por exemplo, registra a incursão de Bartolomeu nessa região onde, ao lado de Filipe (provavelmente o apósto¬lo), ministrou a Palavra em Hierápolis. Ali, após curar a esposa do procônsul e conseguir sua conversão, despertou a fúria do magistrado romano que os teria condenado à morte por crucificação. Filipe parece ter realmente sofrido o martírio em tal ocasião, como veremos mais adiante, mas Bartolomeu, por alguma razão desconhecida, obteve a suspensão da pena quando já se encontrava no madeiro.
Dorman Newman, historiador cristão do século XVII, comenta em sua obra The Lifes and Deaths of the Holy Apostles, esse momento extraordinário de Bartolomeu na Ásia Menor.
"Em Hierápolis, na Frigia, o encontramos em companhia do apóstolo Fili¬pe (como já fora antes observado em sua vida), diante de cujo martírio por crucificação, Bartolomeu acabou preso e também condenado à mesma pena capital. Entretanto, em razão de algo que desconhecemos, os magis¬trados interromperam seu suplício e o despediram. Dali, Bartolomeu diri¬giu-se à Licaônia, onde João Crisóstomo afirma ter o apóstolo iniciado muitos na fé cristã."
A despeito dessa narrativa tradicional, devemos reconhecer que seria quase um milagre, em tais circunstâncias, a sobrevida de um condenado ao suplício da cruz. Fixado pelos pulsos e pelos pés ao madeiro com os terríveis cravi trabales — pregos enferrujados de quase vinte centímetros de compri¬mento - o crucificado tinha como destino inevitável o tétano. É bem ver¬dade que, embora essa tenha sido a maneira mais usual de se perpetrar a crucificação, houve ocasiões em que se objetivou prolongar ainda mais o sofrimento dos crucificados. Nesse caso, um dos expedientes utilizados era a fixação dos sentenciados à cruz com cordas, ao invés de cravos. Embora, nesse caso, a dor fosse incomparavelmente inferior, o tempo de agonia dos condenados costumava superar razoavelmente o período de dois a nove dias estimados para a expiração pelo método mais violento. Se aplicarmos essa possibilidade à pretensa crucificaçao de Bartolomeu em Hierápolis, devemos atribuir ao milagre não sua sobrevida após a já iniciada execução, mas sim à inusitada reversão da sentença por parte dos romanos.
Após a misteriosa libertação, algumas lendas localizam Bartolomeu na vizinha Licaônia, onde teria anunciado a salvação aos pagãos, bem como ministrado às congregações cristãs já existentes naquela região.
A longa tradição da Igreja ortodoxa sobre o apóstolo Bartolomeu tem alguns pontos em comum com as demais, especialmente no que tange à interrupção de seu martírio ao lado de Filipe. Para ela, ambos apóstolos operaram sinais poderosos e curaram muitos enfermos. Em certa ocasião, Bartolomeu e Filipe teriam destruído pelo poder da oração uma terrível serpente, preservada e cultuada num santuário pagão. Irados, os moradores locais decidiram executar os apóstolos, crucificando-os. Enquanto os santos sucumbiam ante a terrível sentença, um grande terremoto teria sacudido a localidade, fazendo perecer não apenas seus juízes mas também parte da po¬pulação que assistia à execução. Cheios de temor diante do ocorrido, aqueles moradores decidiram, então, libertar imediatamente os apóstolos, mas cons¬tataram que Filipe já havia falecido.
Bartolomeu rumo ao oriente
Vários escritos tradicionais da Igreja, como o apócrifo Evangelho de Bartolomeu, apresentam o apóstolo como enviado ao Oriente, mais especifica¬mente à índia, onde teria deixado uma cópia do Evangelho de Mateus, escrito em hebraico. Acerca dessa possibilidade, comenta o historiador Rufino.
"Panteno, filósofo de formação estóica, segundo tradições alexandrinas (...) era de tão notória erudição, tanto bíblica como secular que, atenden¬do às solicitações das autoridades, foi enviado como missionário à índia, por Demétrio, Bispo de Alexandria.
Naquele lugar, descobriu que Bartolomeu, um dos doze Apóstolos, já havia anunciado o Senhor Jesus e difundido o Evangelho de Mateus. Ao retornar a Alexandria, Panteno trouxe consigo esta obra, escrita em caracteres hebraicos."
Os ortodoxos também crêem que Bartolomeu exerceu seu ministério na índia, levando consigo um exemplar do Evangelho Segundo Mateus, a fim de auxiliá-lo em suas ministrações. Entretanto, o grande obstáculo na in¬vestigação dessa possível jornada reside no próprio significado do termo índia, deveras abrangente naquela época. Os escritores de língua grega e latina se valiam, com freqüência, do termo para se referirem a lugares di¬versos como a Arábia, Etiópia, Líbia, Partia, Pérsia e Média. No caso espe¬cífico da viagem missionária de Panteno, alguns escritores acham mais provável que o nome "índia" se refira à Etiópia ou, ainda, à Arábia e não ao país que conhecemos hoje por esse nome. Se estiverem certos, devemos - em função do relato supracitado - incluir esses dois países no rol das possibilidades missionárias de Bartolomeu.
Na tentativa de lançar alguma luz sobre a possível missão de Bartolomeu à índia, o Dr. Edgard Goodspeed comenta em seu livro The Twelve (p. 97,98).
"Ainda que tenhamos em mente que o termo 'índia' era empregado de uma forma razoavelmente ampla naqueles tempos, a afirmação de que Bartolomeu lá esteve como missionário, achando um 'Evangelho de Mateus em Hebraico', faz certo sentido. Eusébio declara, em sua História Eclesi¬ástica (v.10.12) que, ao tempo da ascensão do imperador Cômodo em 180 A.D., Panteno, mestre e expoente da Igreja de Alexandria, foi envia¬do como missionário à longínqua índia, onde Bartolomeu já havia pregado e deixado um certo Evangelho de Mateus em língua hebraica (...)."
Chamando índia a uma região que abrangia desde a Etiópia até a Média, o texto apócrifo O Martírio do Santo e Glorioso Apóstolo Bartolomeu, acres¬centa alguns detalhes que, embora aparentemente imaginários em alguns momentos, podem constituir a forma exagerada com que antigos cristãos perpetuaram a possível missão do apóstolo na região.
"Para a índia partiu São Bartolomeu, o apóstolo de Cristo, alojando-se no templo de Astarote e ali vivendo entre os pobres e peregrinos. Havia, pois, nesse templo, um ídolo de nome Astarote, que supostamente cura¬va os enfermos do povo. Mas, na verdade, os enfermava ainda mais. O povo jazia na total ignorância do Deus verdadeiro. Na busca do conheci¬mento, sem contudo ter a quem recorrer, todos se refugiavam no falso deus o qual lhes trazia problemas, enfermidades, danos, violência e muita aflição. Quando a ele sacrificavam, o demônio, retirando-se dos enfer¬mos, parecia curá-los. Vendo estas coisas a população, engodada, conti¬nuava a crer nele."
A lenda continua, afirmando que a simples presença de Bartolomeu naqueles termos acabou suprimindo a atuação demoníaca sobre a popula¬ção. Indignados com o silêncio do ídolo ao qual serviam, aqueles homens evocaram um certo demônio de nome Becher, na tentativa de descobrirem a razão da impotência de Astarote.
"O demônio Becher respondeu-lhes dizendo: Desde o dia e a hora em que o verdadeiro Deus, que habita nos céus, enviou seu apóstolo Bartolomeu a essa região, vosso deus Astarote está aprisionado em cadei¬as de fogo, não podendo falar ou mesmo respirar."
De tal sorte a presença de Bartolomeu provocou os fiéis de Astarote que estes, após as referências dadas pelo demônio, saíram ao encalço do apósto¬lo por dois dias inteiros, procurando-o entre os pobres e peregrinos da cida¬de, sem contudo encontrá-lo.
Mesmo perseguido pelos adoradores de Astarote, conta a lenda que Bartolomeu prosseguiu sua missão naquele lugar, curando os enfermos e libertando os endemoninhados. Essas operações chegaram aos ouvidos de Polímio, o soberano local, que, afligido pela situação de sua filha, ordenou a imediata busca pelo apóstolo. Ao ser trazido diante do rei, Bartolomeu co¬moveu-se com as súplicas do soberano para que libertasse sua filha da opres¬são maligna que a mantinha acorrentada por longos anos. Orando poderosamente, Bartolomeu trouxe completa libertação para a jovem, mui¬to embora os servos do rei, tomados de pavor, não ousassem aproximar-se da ex-possessa para soltá-la. O apóstolo, então, ordenou-lhes.
"Eis que mantenho preso o inimigo dessa alma; estais vós ainda amedron¬tados com essa pequena? Ide, soltai-a e, após dardes a ela de comer, deixai-a descansar."
Profundamente agradecido pelo que lhe fizera Bartolomeu, Polímio car¬rega alguns de seus camelos com ouro, prata e pedras preciosas e, a seguir, ordena que seus servos encontrem e presenteiem o apóstolo com aquela inestimável fortuna. Entretanto, na manhã seguinte, enquanto ainda la¬mentava não poder encontrar o santo de Deus e gratificá-lo com sua rique¬za, o rei é surpreendido em sua câmara pela presença do apóstolo.
"Por que te esforçaste em me buscar ontem por todo o dia com ouro, prata, pedras preciosas, pérolas e vestimentas? Pelo que, anseiam por essas coisas aqueles que buscam o que é da terra; mas eis que eu nada busco de terreno ou carnal."
Recusando a oferta real, Bartolomeu pede a atenção do soberano por alguns instantes, a fim de revelar-lhe seu verdadeiro tesouro. Tendo lhe exposto a obra redentora da cruz, o apóstolo dirigiu-lhe o convite para que recebesse Jesus em seu coração.
"Pelo que, se desejas ser batizado e anelas pela iluminação, far-te-ei contemplá-Lo e poderás, então, compreender de quão grandes males foste redimido."
Relutante em seu coração quanto àquela novidade, o rei desafia Bartolomeu a estar presente, na manhã seguinte, no templo de Astarote, onde o soberano se juntaria aos demais nas costumeiras oferendas ao ídolo.
Conta a lenda que, ao aceitar o convite e comparecer ao santuário pagão, Bartolomeu impede, pelo poder de Deus, a manifestação dos demônios e os desmascara diante de grande multidão de fiéis. Fustigada pela santa interces-são do apóstolo, uma criatura infernal teria clamado:
"Cessai de ofertar-me, ó vós, miseráveis, para que não sofrais ainda mais por minha causa, porquanto estou aprisionado em cadeias de chamas, e mantido em sujeição pelo anjo do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele a quem os judeus crucificaram,"
Desejoso de que todos os presentes fossem definitivamente esclarecidos, Bartolomeu conjura o demônio a que fale a verdade acerca do ídolo venera¬do por todos naquele lugar.
"Confessa, ó demônio imundo, quem é o que fere todos estes que aqui jazem pesadamente enfermos! O demônio então respondeu: O diabo, nosso guia, que está aprisionado; ele nos manda para que venhamos con¬tra os homens e, primeiramente ferindo seus corpos, tomemos de assalto suas almas quando sacrificam a nós. Assim, ao crerem em nós e nos trazerem ofertas, temos poder sobre eles."
Tendo apresentado a verdade à multidão, Bartolomeu, com grande au¬toridade, conclama os presentes a crerem no nome de Jesus e a serem batizados nessa fé. Narra a lenda que, por toda a região, se fizeram sentir os efeitos da mensagem e do testemunho do apóstolo naquele lugar:
"Eis que o rei, a rainha, seus dois filhos e toda sua gente, bem como toda a multidão da cidade e das cidades e terras vizinhas e das demais regiões sobre as quais reinavam, creram, foram salvos e batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O rei, tendo deixado sua coroa, seguiu os passos de Bartolomeu, o apóstolo de Cristo."
Bartolomeu, o Iluminador da Armênia
Conquanto careça do respaldo de escritores primitivos, a crença de que Bartolomeu figura entre os fundadores da Igreja armênia tornou-se influ¬ente com o passar dos séculos.
Apoiados em diversas lendas — algumas das quais atribuídas a Jerônimo — autores como William Barclay sugerem que após o período de ministração na Ásia Menor e na região imprecisa denominada índia, Bartolomeu teria seguido em viagem às terras da Armênia, onde aliou-se ao apóstolo Judas Tadeu em meados de 60 A.D. Ali, no decorrer de um ministério de mais de dezesseis anos e em meio a uma abominável idolatria, Bartolomeu operou a cura miraculosa da filha de um certo rei, expondo a inoperância do poste-ídolo adorado pelo soberano e seus súditos. Conta ainda a tradição que, durante a ministração do apóstolo, um anjo teria expulsado o demônio flamejante que habitava o interior do ídolo, diante dos olhos atônitos da população. O rei e muitos de seus súditos foram, conseqüentemente, batizados, suscitando a ira do irmão do soberano, Astiages, e de toda a classe sacerdotal paga. Após definirem como o matariam, Astiages e aqueles líderes religiosos arrebataram Bartolomeu e, escalpelando-o vivo, o crucifica¬ram de cabeça para baixo.
Lendas semelhantes, conservadas pelos ortodoxos, afirmam que Bartolomeu não pode livrar-se da ira de um certo rei armênio, nem mesmo após ter curado a loucura de sua irmã. Enfurecido com a presença do após¬tolo, o rei teria ordenado sua crucificação e sua posterior decapitação.
Como veremos adiante, as tradições mais fortes apontam a cidade de Albana como o cenário do martírio de Bartolomeu.
Mesmo que as narrativas tradicionais tenham, com o passar dos anos, romanceado ou acrescentado fábulas ao ministério do jovem discípulo, o fato é que tanto Bartolomeu como Judas Tadeu são considerados popular-mente os fundadores da Igreja armênia. Tal tradição, por ser milenar, mere¬ce cuidadosa atenção. O Patriarcado Armênio de Jerusalém, num tratado sobre o assunto, resume.
"O indestrutível e duradouro amor dos armênios e sua devoção pela Terra Santa têm seu início no primeiro século da era Cristã, quando o cristianis¬mo foi trazido diretamente deste lugar pelos apóstolos São Tadeu e São Bartolomeu. A Igreja que fundaram tornou-se responsável pela conversão de grande parte da população ao longo do segundo e terceiro séculos. No começo do quarto século, em 301 A.D., através dos esforços de São Cregório, o lluminador, o rei armênio Tiridates, o Grande, e todos os membros da realeza converteram-se e foram batizados."
Sobre o ministério apostólico de Bartolomeu na Armênia, Aziz Atiya afirma, em seu livro A History of Eastern Christianity (p. 316).
"Os primeiros lluminadores da Armênia foram São Tadeu e São Bartolomeu, cujos santuários ainda permanecem de pé em Artaz (Macoo) e Alpac (Bashlake), no sudeste da Armênia, sendo há muito tempo venerados pelos armênios.
Uma tradição popular entre eles atribui a primeira evangelização da Armênia ao apóstolo Judas Tadeu que, segundo sua cronologia, lá permaneceu entre os anos 43 e 66 A.D., sendo, a partir de 60 A.D., acompanhado por Bartolomeu, cujo suplício deu-se em 68 A.D. na localidade de Albanus (Derbent)"
Atualmente, a antiga cidade de Albanópolis (também chamada Albana ou Albanus), apontada pela tradição como local do suplício de Bartolomeu, recebe o nome de Derbent. Localizada ao sul da Federação Russa, Derbent está situada próxima à fronteira com o Azerbaijão, na costa oeste do Mar Cáspio. No passado, devido a sua posição estratégica, a região foi um corre¬dor geográfico por onde passaram, em direção às civilizações ocidentais, ca¬valeiros bárbaros procedentes geralmente das estepes asiáticas.
A tradição apostólica, embora passível de significativas distorções, pare¬ce não ter se equivocado ao afirmar que o evangelho atingiu a Armênia no princípio da Era Cristã. Em fins do terceiro século, Gregório, o Iluminador — outra figura preponderante na evangelização da Armênia — deve ter en¬contrado ali algum resquício do trabalho realizado por Bartolomeu e Judas Tadeu, tal a facilidade com que difundiu a fé cristã naquele país. Sua mis¬são, com a qual logrou a conversão do rei Tiridates, abriu novas portas para a cristianização do país, de sorte que a Armênia tornou-se, em meados do quarto século, a primeira nação na História a proclamar-se oficialmente cristã.
O Patriarcado Armênio de Jerusalém se orgulha em citar o caso de Macário, Bispo de Jerusalém (séc. IV), que teria mantido uma estreita co¬munhão com aquela comunidade oriental. Entre 325 e 335 A.D., numa de suas cartas ao bispo armênio Vertanes, Macário, além de tratar de vários assuntos de interesse eclesiástico, saúda o ministério pastoral assim como todos os crentes daquele lugar, sugerindo a existência de uma Igreja muito bem disseminada entre a população local. Aliás, no princípio do século seguinte, cem anos após a missão de Gregório, a população armênia já so¬mava mais de dois milhões de cristãos, transformando o país num dos prin¬cipais centros do cristianismo no mundo de então!
Assim como seu ministério, as características físicas de Bartolomeu tam¬bém foram alvo de especulações tradicionais. A curiosa descrição do após¬tolo encontrada no livro A História Apostólica de Abdias apresenta alguns detalhes fantasiosos; entretanto, pode conter traços daquilo que realmente constituiu o retrato do jovem missionário:
"[Bartolomeu] Tinha os cabelos encaracolados e negros, que cobriam as orelhas. Sua pele era clara, seus olhos grandes e seu nariz reto e compri¬do. A barba era longa e grisalha e sua estatura mediana.
Vestia roupas brancas e cingia-se com uma cinta púrpura, tendo sobre si um manto branco com quatro pedras preciosas de cor púrpura em seus cantos. Durante vinte e seis anos as vestiu sem que sequer ficassem ve¬lhas. Assim, também, suas alparcas por vinte e seis anos perduraram.
Orava cem vezes ao dia e cem vezes à noite. Sua voz era como de uma trombeta e anjos velavam sobre ele. Era sempre jovial e conhecia todas as línguas."
Os restos mortais
Se os relatos tradicionais não se mostraram precisos quanto ao ministé¬rio de Bartolomeu, pode-se afirmar o mesmo acerca do verdadeiro local de seu descanso, também alvo de um sem número de narrativas divergentes, das quais poucas transmitem alguma credibilidade.
Otto Hophan, em seu livro The Apostles (p. 167), apoia as tradições armênias acerca do paradeiro dos restos de Bartolomeu.
"A tradição armênia sustenta que o corpo do apóstolo foi sepultado em Albanópolis (ou Urbanópolis), cidade da Armênia onde é tido como martirizado. Dali, seus restos mortais foram levados a Nefergerd-Mijafardin e, posteriormente, a Duras, na Mesopotâmia."
A condução dos restos do apóstolo para a Mesopotâmia surge como um ponto comum entre muitas das lendas sobre as relíquias de Bartolomeu. Não obstante, a autora católico-romana Mary Sharp, em seu A Traveller's Guide to Saints in Europe (p. 29), mostra que a Mesopotâmia não deve ter sido o paradeiro final das relíquias de Bartolomeu, conforme narram alguns textos antigos:
"Um relato nos diz que, após o imperador Anastácio construir a cidade de Duras, na Mesopotâmia em 508 A.D., para lá foram levados os restos mortais de Bartolomeu. Entretanto São Cregório de Tours afirma que, an¬tes do fim do sexto século, o que restou do apóstolo teria sido levado às Ilhas Lipari, próximas da Sicília. Já Anastácio, o Bibliotecário, conta que ano 809 A.D. os restos de Bartolomeu foram levados até Benevento e de lá para Roma, em 983 A.D., pelo imperador Otto III. Atualmente, repou¬sam na Igreja de São Bartolomeu-Sobre-o-Tibre num santuário pórfiro so¬bre o altar. Um dos braços foi enviado pelo Bispo de Benevento a Eduardo, o Confessor, que o doou à Catedral da Cantuária."
Se os restos de Bartolomeu foram realmente trasladados desde a Mesopotâmia até seu destino final em Roma, como afirmam alguns autores católicos, não o sabemos com certeza. A presença do apóstolo na Armênia parece muito provável, dada a quantidade de tradições distintas que a confir¬mam. O posterior transporte de seus restos para a vizinha região da Mesopotâmia também encontra eco em muitos relatos antigos. Porém, quanto ao mais, devemos ter em mente que, ao longo de toda a Idade Mé¬dia, a supremacia absoluta da Igreja romana tratou de estimular o surgimento de lendas ligando o paradeiro das relíquias apostólicas à capital do império. Tal tendência, por si mesma, nos obriga a abordar com todo cuidado as tradições que sustentam o envio indiscriminado de restos apostólicos para Roma.
Por outro lado, o cristão de origem ortodoxa, por certo, se identificaria muito mais com o relato de John Julius Norwich, em seu livro Mount Athos (p. 142), Na obra, Norwich descreve sua saga ao Hagion Oros (Monte San¬to), como os gregos o chamam, uma montanha de quase dois mil metros, onde muitos de seus vinte mosteiros ortodoxos da ordem de S. Basílio con¬servam silenciosamente um raro exemplo da beleza arquitetônica bizantina. Ali, em meio a uma atmosfera que remonta aos dias medievais, o autor afirma ter sido conduzido por um monge aos restos mortais do apóstolo Bartolomeu, assim como aos de Dionísio, o Areopagita, o personagem con¬vertido por Paulo em Atenas (At 17.34).
EXTRAIDO DO LIVRO Doze homens e uma missão / Aramis C. DeBarros. - Curitiba : Editora Luz e Vida, 1999.
"Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa boa vinda de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê."
João 1.46
Desse discípulo, cujo nome significa literalmente Filho de Talmai, muito pouco se sabe, do ponto de vista bíblico.
Natural de Cana da Galiléia (Jo 21.2), Bartolomeu é citado por alguns escritores cristãos primitivos como sendo descendente da casa de Naftali, embora outros autores, numa alusão ao historiador Jerônimo, sugiram um paralelo entre seu nome e os descendentes de Talmai, rei de Gesur (2 Sm 3.3), que fora pai de Maaca, mãe de Absalão.
Outra tradição, não menos curiosa, conecta as origens do apóstolo à casa real egípcia dos Ptolomeu. Nenhuma das três hipóteses, infelizmente, vai muito além da simples conjectura.
Elias de Damasco, escritor cristão do século IX, foi o primeiro autor de que se tem notícia a identificar Bartolomeu com Natanael, personagem leva¬do a Cristo por Filipe, como vemos em Jo 1.45,46. Sobre essa questão, o saudoso escritor britânico John D. Jones em seu livro The Apostles of Jesus (p-75), esclarece:
"Nada havia de incomum no fato de um apóstolo possuir dois nomes. Simão era também chamado Pedro; Levi era conhecido na Igreja como Mateus e um outro dentre os doze se regozijava em ser conhecido por três nomes: Lebeu, Tadeu e Judas! Não há, portanto, a priori, qualquer improbabilidade quanto à sugestão de que o sexto apóstolo, de igual modo, possuísse dois nomes, especialmente quando lembramos que Bartolomeu (Bar-Tohnai), assim como Bar-Jonas, tratava-se apenas de um nome patronímico ou, ainda, de um sobrenome."
Vejamos se há, de fato, alguma outra razão bíblica para a associarmos o quase desconhecido Natanael com o discípulo de nome Bartolomeu. Natanael é um nome que aparece mencionado exclusivamente no Evangelho de João e, assim mesmo, em apenas duas ocasiões: no primeiro capítulo (Jo 1.45-51) - onde temos sua vocação - e, timidamente, no último (Jo 21.2). Ora, se todos os vocacionados no capítulo inicial desse evangelho (André, João, Pedro e Filipe) se torna¬ram, mais adiante, discípulos de Jesus, temos na chamada de Natanael uma forçosa sugestão de que ele também veio a se tornar um dos doze. Se assim não fosse, seria deveras difícil compreen¬der porque João - no início de seu evangelho -dedicou tanta atenção a alguém sem íntima liga¬ção com a vida de Jesus e de Seus seguidores.
Se o primeiro capítulo de João torna provável o discipulado de Natanael, o último faz disto um fato acima de qualquer dúvida. Ali, acompanhan¬do Pedro, João, Tiago e Tomé em seu antigo ofício, Natanael é citado pelo evangelista como um dos discípulos (Jo 21.2), ao lado dos quais testemunhara as gloriosas aparições do Cristo ressurreto na Galiléia.
Contudo, se Natanael foi de fato um dos doze, com qual deles seria mais razoável identificá-lo? Não haveria nada que vinculasse esse nome com qualquer um dos apóstolos, não fosse por um pequeno detalhe que veremos a seguir. Uma rápida leitura em três das quatro citações que con¬têm a listados apóstolos (Mt 10.2-4; Mc 3.16- 19; Lc 6.14-16) é sufici¬ente para percebermos que o nome de Bartolomeu aparece associado ao de Filipe; esse fato, endossado pelas narrativas posteriores da história ecle¬siástica, nos faz suspeitar de uma relação próxima entre ambos, preceden¬te à chamada de Bartolomeu ao discipulado cristão. Se interpretarmos esse relacionamento à luz de Jo 1.45-46, onde vemos Filipe buscando testemunhar de Cristo para seu amigo Natanael, poderemos ter, então, nas figuras de Bartolomeu e Natanael a mesma pessoa. Embora insufici¬entes, são essas as únicas sustentações bíblicas que justificam a alegada fusão dos personagens citados. A despeito de sua fragilidade, essa hipóte¬se norteará, a seguir, o perfil do apóstolo que enfocamos nesse capítulo. Desta forma, associaremos, daqui em diante, o nome de Bartolomeu ao de Natanael.
A vocação de Bartolomeu
Nos dias apostólicos, dizia-se em Israel que alguém que costumava des¬cansar sob a sombra de uma figueira era, certamente, uma pessoa de posses. Embora tenha sido exatamente essa a situação em que Bartolomeu se encon¬trava, momentos antes de ser abordado por Filipe (Jo 1.48), sugerir algo semelhante acerca do apóstolo em questão tendo por base apenas essa passa¬gem seria, no mínimo, uma especulação grosseira. E muito mais provável, entretanto, que Bartolomeu — assim como a maior parte de seus condiscípulos — tenha desfrutado de uma vida típica dos galileus habitantes das regiões próximas ao Lago de Genesaré, marcada pela simplicidade e pelo trabalho árduo.
Como a maior parte dos discípulos, Bartolomeu parece ter sido um ho¬mem profundamente sintonizado com as expectativas messiânicas de sua época. O notável testemunho de Jesus a seu respeito (Jo 1.47) deixa transparecer o perfil de alguém que serviu-se da Lei e dos profetas não apenas para orientar suas esperanças na gloriosa redenção de Israel, mas também para desenvolver em seu íntimo uma espiritualidade frutífera, de¬terminada pelas diretrizes da sabedoria divina, sobre a qual comenta o após¬tolo Tiago (Tg3.17).
"A sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento."
A irônica resposta dada a Filipe (Jo 1.46), consoante ao fato de o Messi¬as ser proveniente de Nazaré, não deve ser interpretada como uma atitude discriminatória de Bartolomeu contra essa pequena cidade da Galiléia, em cujas proximidades ele próprio nascera. Aqui, o mais provável é que o futu¬ro apóstolo estivesse externando seu ceticismo diante da possibilidade de alguém da magnitude do Messias — tal como era aguardado em Israel — ser procedente de um lugar tão irrelevante e sem nenhuma representatividade nacional. Sobre esse detalhe, comenta John D. Jones (op. cit., p. 80).
"Embora grande estudante das Escrituras, Natanael as enxergava, eu diria, através das 'lentes' rabínicas. Ele aguardava o Messias, porém aquele por quem esperava certamente não era o Messias descrito como Servo Sofre¬dor em Isaías 53, um homem de dores e que sabia o que era padecer; Aquele para quem Natanael dirigia suas expectativas era apregoado pelos 'rabbis' como um grande príncipe, vestido de púrpura e circundado por toda pompa e esplendor da realeza."
Se há algo que se pode afirmar sobre Bartolomeu, antes de sua vocação apostólica, é que se tratava de um homem veraz em seu coração. No caso do apóstolo, essa virtuosidade pressupõe uma intensa devoção e integridade religiosa. Isso é o que e pode concluir a partir da observação feita por Aquele que o separou para o discipulado (Jo 1.47):
"Jesus, vendo Natanael (Bartolomeu) aproximar-se dele, disse a seu res¬peito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!"
E provável que Jesus, ao Se valer da expressão "verdadeiro israelita", estivesse tentando avultar não o zelo de Bartolomeu quanto à observância exterior da Lei, mas sua fidelidade para com os mandamentos divinos no mais íntimo da alma. Essa expressão nos remete à Epístola aos Romanos, onde o ex-fariseu Paulo complementa (Rm 2.28-29).
"Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é de coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus."
O louvor do qual Bartolomeu foi alvo complementa-se com a significa¬tiva observação em quem não há dolo. No ensinamento contido em Mt 7.21-23, Jesus refere-Se ao dolo como um dos males originários do coração, responsáveis pela contaminação do ser humano. O termo grego dolos corresponde em significado ao seu descendente português, isto é., fraude, astúcia, engano, maquinação. Na referência a índole de Bartolomeu, Jesus emprega seu equivalente negativo, a dolos. Essa expressão, ocorre também em 1 Pe 2.22, onde descreve a pureza e a perfeição de caráter do Senhor.
Inspirado nas palavras de apreço do Mestre em relação a Seu futuro discípulo - mas certamente cruzando as fronteiras da conjectura -John D. Jones concebeu assim o perfil de Bartolomeu (op. cit., p.77, 82):
"A primeira coisa que diria acerca de Natanael é que era um homem entre¬gue ao estudo, à meditação e à oração. Julgando pelo fato de seu nome ocorrer na lista daqueles que decidiram retornar, ao lado de Pedro, à pescaria, deduzo que Natanael, assim como seus irmãos e apóstolos, era pesca¬dor. Contudo, nunca se permitiu absorver por seus negócios. Praticava a pesca apenas como meio de subsistência, porém seu coração estava volta¬do para as coisas lá do alto. Cada momento que podia arrebatar de seus afazeres diários, ele os devotava à meditação e à oração silenciosa.
Havia, naqueles tempos, um círculo de israelitas cujas almas estavam vol¬tadas à oração. Homens como Simeão, que ansiava pela consolação de Israel, e mulheres como Ana, que jamais deixava o templo, onde adorava com súplicas e jejuns, dia e noite. Natanael era um dos que compunham esse seleto e consagrado círculo.
No jardim que possuía, junto a sua humilde casa, havia uma figueira sob a sombra de cujas folhas Natanael passava horas a fio, em clamor a Deus ou absorvido em estudos sobre os legados de Moisés e dos profetas.
(...)
Ele era qual o patriarca Jacó, um príncipe diante de Deus, no poder de suas orações. Contudo, ao contrário daquele, não tinha em sua natureza qualquer traço de engano ou sagacidade.
Newman, no segundo volume de seus 'Sermões', nos mostra como o 'homem sem dolo' é descrito no décimo quinto salmo: 'Então Davi per¬gunta: Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive em integridade e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que jura com dano próprio, e não se retrata.' Este é o perfil de Natanael."
Conquanto fantasiosas em alguns aspectos, as diversas descrições sobre o ministério pós-bíblico de Bartolomeu, sobre o qual falaremos adiante, suge¬rem que o jovem discípulo não poupou esforços para proclamar o evangelho através de regiões por vezes hostis, freqüentemente longínquas e quase sem¬pre estranhas a sua terra e sua cultura. Num desses lugares, Bartolomeu, como muitos dos condiscípulos, parece ter selado com seu próprio sangue o teste¬munho de Jesus.
Os vestígios deixados por suas jornadas, ainda que raros, podem ser mais uma evidência de que as missões apostólicas atingiram, antes do final do primeiro século, a distante índia, país que, pela dimensão de suas trevas espirituais, constitui ainda hoje um dos maiores desafios missionários transculturais.
Bartolomeu na Ásia Menor
A região da Ásia Menor (atual Turquia) é notoriamente apontada pela tradição como um dos palcos de maior atuação do apóstolo Bartolomeu em suas jornadas missionárias.
A obra apócrifa Atos de Filipe, por exemplo, registra a incursão de Bartolomeu nessa região onde, ao lado de Filipe (provavelmente o apósto¬lo), ministrou a Palavra em Hierápolis. Ali, após curar a esposa do procônsul e conseguir sua conversão, despertou a fúria do magistrado romano que os teria condenado à morte por crucificação. Filipe parece ter realmente sofrido o martírio em tal ocasião, como veremos mais adiante, mas Bartolomeu, por alguma razão desconhecida, obteve a suspensão da pena quando já se encontrava no madeiro.
Dorman Newman, historiador cristão do século XVII, comenta em sua obra The Lifes and Deaths of the Holy Apostles, esse momento extraordinário de Bartolomeu na Ásia Menor.
"Em Hierápolis, na Frigia, o encontramos em companhia do apóstolo Fili¬pe (como já fora antes observado em sua vida), diante de cujo martírio por crucificação, Bartolomeu acabou preso e também condenado à mesma pena capital. Entretanto, em razão de algo que desconhecemos, os magis¬trados interromperam seu suplício e o despediram. Dali, Bartolomeu diri¬giu-se à Licaônia, onde João Crisóstomo afirma ter o apóstolo iniciado muitos na fé cristã."
A despeito dessa narrativa tradicional, devemos reconhecer que seria quase um milagre, em tais circunstâncias, a sobrevida de um condenado ao suplício da cruz. Fixado pelos pulsos e pelos pés ao madeiro com os terríveis cravi trabales — pregos enferrujados de quase vinte centímetros de compri¬mento - o crucificado tinha como destino inevitável o tétano. É bem ver¬dade que, embora essa tenha sido a maneira mais usual de se perpetrar a crucificação, houve ocasiões em que se objetivou prolongar ainda mais o sofrimento dos crucificados. Nesse caso, um dos expedientes utilizados era a fixação dos sentenciados à cruz com cordas, ao invés de cravos. Embora, nesse caso, a dor fosse incomparavelmente inferior, o tempo de agonia dos condenados costumava superar razoavelmente o período de dois a nove dias estimados para a expiração pelo método mais violento. Se aplicarmos essa possibilidade à pretensa crucificaçao de Bartolomeu em Hierápolis, devemos atribuir ao milagre não sua sobrevida após a já iniciada execução, mas sim à inusitada reversão da sentença por parte dos romanos.
Após a misteriosa libertação, algumas lendas localizam Bartolomeu na vizinha Licaônia, onde teria anunciado a salvação aos pagãos, bem como ministrado às congregações cristãs já existentes naquela região.
A longa tradição da Igreja ortodoxa sobre o apóstolo Bartolomeu tem alguns pontos em comum com as demais, especialmente no que tange à interrupção de seu martírio ao lado de Filipe. Para ela, ambos apóstolos operaram sinais poderosos e curaram muitos enfermos. Em certa ocasião, Bartolomeu e Filipe teriam destruído pelo poder da oração uma terrível serpente, preservada e cultuada num santuário pagão. Irados, os moradores locais decidiram executar os apóstolos, crucificando-os. Enquanto os santos sucumbiam ante a terrível sentença, um grande terremoto teria sacudido a localidade, fazendo perecer não apenas seus juízes mas também parte da po¬pulação que assistia à execução. Cheios de temor diante do ocorrido, aqueles moradores decidiram, então, libertar imediatamente os apóstolos, mas cons¬tataram que Filipe já havia falecido.
Bartolomeu rumo ao oriente
Vários escritos tradicionais da Igreja, como o apócrifo Evangelho de Bartolomeu, apresentam o apóstolo como enviado ao Oriente, mais especifica¬mente à índia, onde teria deixado uma cópia do Evangelho de Mateus, escrito em hebraico. Acerca dessa possibilidade, comenta o historiador Rufino.
"Panteno, filósofo de formação estóica, segundo tradições alexandrinas (...) era de tão notória erudição, tanto bíblica como secular que, atenden¬do às solicitações das autoridades, foi enviado como missionário à índia, por Demétrio, Bispo de Alexandria.
Naquele lugar, descobriu que Bartolomeu, um dos doze Apóstolos, já havia anunciado o Senhor Jesus e difundido o Evangelho de Mateus. Ao retornar a Alexandria, Panteno trouxe consigo esta obra, escrita em caracteres hebraicos."
Os ortodoxos também crêem que Bartolomeu exerceu seu ministério na índia, levando consigo um exemplar do Evangelho Segundo Mateus, a fim de auxiliá-lo em suas ministrações. Entretanto, o grande obstáculo na in¬vestigação dessa possível jornada reside no próprio significado do termo índia, deveras abrangente naquela época. Os escritores de língua grega e latina se valiam, com freqüência, do termo para se referirem a lugares di¬versos como a Arábia, Etiópia, Líbia, Partia, Pérsia e Média. No caso espe¬cífico da viagem missionária de Panteno, alguns escritores acham mais provável que o nome "índia" se refira à Etiópia ou, ainda, à Arábia e não ao país que conhecemos hoje por esse nome. Se estiverem certos, devemos - em função do relato supracitado - incluir esses dois países no rol das possibilidades missionárias de Bartolomeu.
Na tentativa de lançar alguma luz sobre a possível missão de Bartolomeu à índia, o Dr. Edgard Goodspeed comenta em seu livro The Twelve (p. 97,98).
"Ainda que tenhamos em mente que o termo 'índia' era empregado de uma forma razoavelmente ampla naqueles tempos, a afirmação de que Bartolomeu lá esteve como missionário, achando um 'Evangelho de Mateus em Hebraico', faz certo sentido. Eusébio declara, em sua História Eclesi¬ástica (v.10.12) que, ao tempo da ascensão do imperador Cômodo em 180 A.D., Panteno, mestre e expoente da Igreja de Alexandria, foi envia¬do como missionário à longínqua índia, onde Bartolomeu já havia pregado e deixado um certo Evangelho de Mateus em língua hebraica (...)."
Chamando índia a uma região que abrangia desde a Etiópia até a Média, o texto apócrifo O Martírio do Santo e Glorioso Apóstolo Bartolomeu, acres¬centa alguns detalhes que, embora aparentemente imaginários em alguns momentos, podem constituir a forma exagerada com que antigos cristãos perpetuaram a possível missão do apóstolo na região.
"Para a índia partiu São Bartolomeu, o apóstolo de Cristo, alojando-se no templo de Astarote e ali vivendo entre os pobres e peregrinos. Havia, pois, nesse templo, um ídolo de nome Astarote, que supostamente cura¬va os enfermos do povo. Mas, na verdade, os enfermava ainda mais. O povo jazia na total ignorância do Deus verdadeiro. Na busca do conheci¬mento, sem contudo ter a quem recorrer, todos se refugiavam no falso deus o qual lhes trazia problemas, enfermidades, danos, violência e muita aflição. Quando a ele sacrificavam, o demônio, retirando-se dos enfer¬mos, parecia curá-los. Vendo estas coisas a população, engodada, conti¬nuava a crer nele."
A lenda continua, afirmando que a simples presença de Bartolomeu naqueles termos acabou suprimindo a atuação demoníaca sobre a popula¬ção. Indignados com o silêncio do ídolo ao qual serviam, aqueles homens evocaram um certo demônio de nome Becher, na tentativa de descobrirem a razão da impotência de Astarote.
"O demônio Becher respondeu-lhes dizendo: Desde o dia e a hora em que o verdadeiro Deus, que habita nos céus, enviou seu apóstolo Bartolomeu a essa região, vosso deus Astarote está aprisionado em cadei¬as de fogo, não podendo falar ou mesmo respirar."
De tal sorte a presença de Bartolomeu provocou os fiéis de Astarote que estes, após as referências dadas pelo demônio, saíram ao encalço do apósto¬lo por dois dias inteiros, procurando-o entre os pobres e peregrinos da cida¬de, sem contudo encontrá-lo.
Mesmo perseguido pelos adoradores de Astarote, conta a lenda que Bartolomeu prosseguiu sua missão naquele lugar, curando os enfermos e libertando os endemoninhados. Essas operações chegaram aos ouvidos de Polímio, o soberano local, que, afligido pela situação de sua filha, ordenou a imediata busca pelo apóstolo. Ao ser trazido diante do rei, Bartolomeu co¬moveu-se com as súplicas do soberano para que libertasse sua filha da opres¬são maligna que a mantinha acorrentada por longos anos. Orando poderosamente, Bartolomeu trouxe completa libertação para a jovem, mui¬to embora os servos do rei, tomados de pavor, não ousassem aproximar-se da ex-possessa para soltá-la. O apóstolo, então, ordenou-lhes.
"Eis que mantenho preso o inimigo dessa alma; estais vós ainda amedron¬tados com essa pequena? Ide, soltai-a e, após dardes a ela de comer, deixai-a descansar."
Profundamente agradecido pelo que lhe fizera Bartolomeu, Polímio car¬rega alguns de seus camelos com ouro, prata e pedras preciosas e, a seguir, ordena que seus servos encontrem e presenteiem o apóstolo com aquela inestimável fortuna. Entretanto, na manhã seguinte, enquanto ainda la¬mentava não poder encontrar o santo de Deus e gratificá-lo com sua rique¬za, o rei é surpreendido em sua câmara pela presença do apóstolo.
"Por que te esforçaste em me buscar ontem por todo o dia com ouro, prata, pedras preciosas, pérolas e vestimentas? Pelo que, anseiam por essas coisas aqueles que buscam o que é da terra; mas eis que eu nada busco de terreno ou carnal."
Recusando a oferta real, Bartolomeu pede a atenção do soberano por alguns instantes, a fim de revelar-lhe seu verdadeiro tesouro. Tendo lhe exposto a obra redentora da cruz, o apóstolo dirigiu-lhe o convite para que recebesse Jesus em seu coração.
"Pelo que, se desejas ser batizado e anelas pela iluminação, far-te-ei contemplá-Lo e poderás, então, compreender de quão grandes males foste redimido."
Relutante em seu coração quanto àquela novidade, o rei desafia Bartolomeu a estar presente, na manhã seguinte, no templo de Astarote, onde o soberano se juntaria aos demais nas costumeiras oferendas ao ídolo.
Conta a lenda que, ao aceitar o convite e comparecer ao santuário pagão, Bartolomeu impede, pelo poder de Deus, a manifestação dos demônios e os desmascara diante de grande multidão de fiéis. Fustigada pela santa interces-são do apóstolo, uma criatura infernal teria clamado:
"Cessai de ofertar-me, ó vós, miseráveis, para que não sofrais ainda mais por minha causa, porquanto estou aprisionado em cadeias de chamas, e mantido em sujeição pelo anjo do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, aquele a quem os judeus crucificaram,"
Desejoso de que todos os presentes fossem definitivamente esclarecidos, Bartolomeu conjura o demônio a que fale a verdade acerca do ídolo venera¬do por todos naquele lugar.
"Confessa, ó demônio imundo, quem é o que fere todos estes que aqui jazem pesadamente enfermos! O demônio então respondeu: O diabo, nosso guia, que está aprisionado; ele nos manda para que venhamos con¬tra os homens e, primeiramente ferindo seus corpos, tomemos de assalto suas almas quando sacrificam a nós. Assim, ao crerem em nós e nos trazerem ofertas, temos poder sobre eles."
Tendo apresentado a verdade à multidão, Bartolomeu, com grande au¬toridade, conclama os presentes a crerem no nome de Jesus e a serem batizados nessa fé. Narra a lenda que, por toda a região, se fizeram sentir os efeitos da mensagem e do testemunho do apóstolo naquele lugar:
"Eis que o rei, a rainha, seus dois filhos e toda sua gente, bem como toda a multidão da cidade e das cidades e terras vizinhas e das demais regiões sobre as quais reinavam, creram, foram salvos e batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O rei, tendo deixado sua coroa, seguiu os passos de Bartolomeu, o apóstolo de Cristo."
Bartolomeu, o Iluminador da Armênia
Conquanto careça do respaldo de escritores primitivos, a crença de que Bartolomeu figura entre os fundadores da Igreja armênia tornou-se influ¬ente com o passar dos séculos.
Apoiados em diversas lendas — algumas das quais atribuídas a Jerônimo — autores como William Barclay sugerem que após o período de ministração na Ásia Menor e na região imprecisa denominada índia, Bartolomeu teria seguido em viagem às terras da Armênia, onde aliou-se ao apóstolo Judas Tadeu em meados de 60 A.D. Ali, no decorrer de um ministério de mais de dezesseis anos e em meio a uma abominável idolatria, Bartolomeu operou a cura miraculosa da filha de um certo rei, expondo a inoperância do poste-ídolo adorado pelo soberano e seus súditos. Conta ainda a tradição que, durante a ministração do apóstolo, um anjo teria expulsado o demônio flamejante que habitava o interior do ídolo, diante dos olhos atônitos da população. O rei e muitos de seus súditos foram, conseqüentemente, batizados, suscitando a ira do irmão do soberano, Astiages, e de toda a classe sacerdotal paga. Após definirem como o matariam, Astiages e aqueles líderes religiosos arrebataram Bartolomeu e, escalpelando-o vivo, o crucifica¬ram de cabeça para baixo.
Lendas semelhantes, conservadas pelos ortodoxos, afirmam que Bartolomeu não pode livrar-se da ira de um certo rei armênio, nem mesmo após ter curado a loucura de sua irmã. Enfurecido com a presença do após¬tolo, o rei teria ordenado sua crucificação e sua posterior decapitação.
Como veremos adiante, as tradições mais fortes apontam a cidade de Albana como o cenário do martírio de Bartolomeu.
Mesmo que as narrativas tradicionais tenham, com o passar dos anos, romanceado ou acrescentado fábulas ao ministério do jovem discípulo, o fato é que tanto Bartolomeu como Judas Tadeu são considerados popular-mente os fundadores da Igreja armênia. Tal tradição, por ser milenar, mere¬ce cuidadosa atenção. O Patriarcado Armênio de Jerusalém, num tratado sobre o assunto, resume.
"O indestrutível e duradouro amor dos armênios e sua devoção pela Terra Santa têm seu início no primeiro século da era Cristã, quando o cristianis¬mo foi trazido diretamente deste lugar pelos apóstolos São Tadeu e São Bartolomeu. A Igreja que fundaram tornou-se responsável pela conversão de grande parte da população ao longo do segundo e terceiro séculos. No começo do quarto século, em 301 A.D., através dos esforços de São Cregório, o lluminador, o rei armênio Tiridates, o Grande, e todos os membros da realeza converteram-se e foram batizados."
Sobre o ministério apostólico de Bartolomeu na Armênia, Aziz Atiya afirma, em seu livro A History of Eastern Christianity (p. 316).
"Os primeiros lluminadores da Armênia foram São Tadeu e São Bartolomeu, cujos santuários ainda permanecem de pé em Artaz (Macoo) e Alpac (Bashlake), no sudeste da Armênia, sendo há muito tempo venerados pelos armênios.
Uma tradição popular entre eles atribui a primeira evangelização da Armênia ao apóstolo Judas Tadeu que, segundo sua cronologia, lá permaneceu entre os anos 43 e 66 A.D., sendo, a partir de 60 A.D., acompanhado por Bartolomeu, cujo suplício deu-se em 68 A.D. na localidade de Albanus (Derbent)"
Atualmente, a antiga cidade de Albanópolis (também chamada Albana ou Albanus), apontada pela tradição como local do suplício de Bartolomeu, recebe o nome de Derbent. Localizada ao sul da Federação Russa, Derbent está situada próxima à fronteira com o Azerbaijão, na costa oeste do Mar Cáspio. No passado, devido a sua posição estratégica, a região foi um corre¬dor geográfico por onde passaram, em direção às civilizações ocidentais, ca¬valeiros bárbaros procedentes geralmente das estepes asiáticas.
A tradição apostólica, embora passível de significativas distorções, pare¬ce não ter se equivocado ao afirmar que o evangelho atingiu a Armênia no princípio da Era Cristã. Em fins do terceiro século, Gregório, o Iluminador — outra figura preponderante na evangelização da Armênia — deve ter en¬contrado ali algum resquício do trabalho realizado por Bartolomeu e Judas Tadeu, tal a facilidade com que difundiu a fé cristã naquele país. Sua mis¬são, com a qual logrou a conversão do rei Tiridates, abriu novas portas para a cristianização do país, de sorte que a Armênia tornou-se, em meados do quarto século, a primeira nação na História a proclamar-se oficialmente cristã.
O Patriarcado Armênio de Jerusalém se orgulha em citar o caso de Macário, Bispo de Jerusalém (séc. IV), que teria mantido uma estreita co¬munhão com aquela comunidade oriental. Entre 325 e 335 A.D., numa de suas cartas ao bispo armênio Vertanes, Macário, além de tratar de vários assuntos de interesse eclesiástico, saúda o ministério pastoral assim como todos os crentes daquele lugar, sugerindo a existência de uma Igreja muito bem disseminada entre a população local. Aliás, no princípio do século seguinte, cem anos após a missão de Gregório, a população armênia já so¬mava mais de dois milhões de cristãos, transformando o país num dos prin¬cipais centros do cristianismo no mundo de então!
Assim como seu ministério, as características físicas de Bartolomeu tam¬bém foram alvo de especulações tradicionais. A curiosa descrição do após¬tolo encontrada no livro A História Apostólica de Abdias apresenta alguns detalhes fantasiosos; entretanto, pode conter traços daquilo que realmente constituiu o retrato do jovem missionário:
"[Bartolomeu] Tinha os cabelos encaracolados e negros, que cobriam as orelhas. Sua pele era clara, seus olhos grandes e seu nariz reto e compri¬do. A barba era longa e grisalha e sua estatura mediana.
Vestia roupas brancas e cingia-se com uma cinta púrpura, tendo sobre si um manto branco com quatro pedras preciosas de cor púrpura em seus cantos. Durante vinte e seis anos as vestiu sem que sequer ficassem ve¬lhas. Assim, também, suas alparcas por vinte e seis anos perduraram.
Orava cem vezes ao dia e cem vezes à noite. Sua voz era como de uma trombeta e anjos velavam sobre ele. Era sempre jovial e conhecia todas as línguas."
Os restos mortais
Se os relatos tradicionais não se mostraram precisos quanto ao ministé¬rio de Bartolomeu, pode-se afirmar o mesmo acerca do verdadeiro local de seu descanso, também alvo de um sem número de narrativas divergentes, das quais poucas transmitem alguma credibilidade.
Otto Hophan, em seu livro The Apostles (p. 167), apoia as tradições armênias acerca do paradeiro dos restos de Bartolomeu.
"A tradição armênia sustenta que o corpo do apóstolo foi sepultado em Albanópolis (ou Urbanópolis), cidade da Armênia onde é tido como martirizado. Dali, seus restos mortais foram levados a Nefergerd-Mijafardin e, posteriormente, a Duras, na Mesopotâmia."
A condução dos restos do apóstolo para a Mesopotâmia surge como um ponto comum entre muitas das lendas sobre as relíquias de Bartolomeu. Não obstante, a autora católico-romana Mary Sharp, em seu A Traveller's Guide to Saints in Europe (p. 29), mostra que a Mesopotâmia não deve ter sido o paradeiro final das relíquias de Bartolomeu, conforme narram alguns textos antigos:
"Um relato nos diz que, após o imperador Anastácio construir a cidade de Duras, na Mesopotâmia em 508 A.D., para lá foram levados os restos mortais de Bartolomeu. Entretanto São Cregório de Tours afirma que, an¬tes do fim do sexto século, o que restou do apóstolo teria sido levado às Ilhas Lipari, próximas da Sicília. Já Anastácio, o Bibliotecário, conta que ano 809 A.D. os restos de Bartolomeu foram levados até Benevento e de lá para Roma, em 983 A.D., pelo imperador Otto III. Atualmente, repou¬sam na Igreja de São Bartolomeu-Sobre-o-Tibre num santuário pórfiro so¬bre o altar. Um dos braços foi enviado pelo Bispo de Benevento a Eduardo, o Confessor, que o doou à Catedral da Cantuária."
Se os restos de Bartolomeu foram realmente trasladados desde a Mesopotâmia até seu destino final em Roma, como afirmam alguns autores católicos, não o sabemos com certeza. A presença do apóstolo na Armênia parece muito provável, dada a quantidade de tradições distintas que a confir¬mam. O posterior transporte de seus restos para a vizinha região da Mesopotâmia também encontra eco em muitos relatos antigos. Porém, quanto ao mais, devemos ter em mente que, ao longo de toda a Idade Mé¬dia, a supremacia absoluta da Igreja romana tratou de estimular o surgimento de lendas ligando o paradeiro das relíquias apostólicas à capital do império. Tal tendência, por si mesma, nos obriga a abordar com todo cuidado as tradições que sustentam o envio indiscriminado de restos apostólicos para Roma.
Por outro lado, o cristão de origem ortodoxa, por certo, se identificaria muito mais com o relato de John Julius Norwich, em seu livro Mount Athos (p. 142), Na obra, Norwich descreve sua saga ao Hagion Oros (Monte San¬to), como os gregos o chamam, uma montanha de quase dois mil metros, onde muitos de seus vinte mosteiros ortodoxos da ordem de S. Basílio con¬servam silenciosamente um raro exemplo da beleza arquitetônica bizantina. Ali, em meio a uma atmosfera que remonta aos dias medievais, o autor afirma ter sido conduzido por um monge aos restos mortais do apóstolo Bartolomeu, assim como aos de Dionísio, o Areopagita, o personagem con¬vertido por Paulo em Atenas (At 17.34).
EXTRAIDO DO LIVRO Doze homens e uma missão / Aramis C. DeBarros. - Curitiba : Editora Luz e Vida, 1999.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
VALE DE OSSOS SECOS
O Vale de Ossos Secos
Anísio Renato de Andrade
"... O Senhor me levou em espírito e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos... eram numerosos e estavam sequíssimos... Então me disse: Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor... Então profetizei... e eis que se fez um reboliço, e os ossos se juntaram, cada osso ao seu osso... E profetizei como ele me deu ordem: então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo." (Transcrição parcial do texto de Ezequiel 37.1-14)
Uma das mensagens desse texto é a esperança baseada no poder de Deus. Se Deus enviasse o profeta ao meio de pessoas doentes, Ezequiel talvez pudesse sugerir tratamentos para elas. Porém, Deus o coloca diante de mortos, e não apenas isso, mortos há muito tempo, com seus ossos sequíssimos. É um quadro que mostra o fim dos recursos naturais e humanos. Aparentemente, é o fim de tudo. Mas os recursos divinos ainda não se esgotaram. Aleluia!
Quando tudo parece perdido, Deus ainda tem solução. Veja o caso de Lázaro (João 11). Jesus chegou quatro dias depois do seu sepultamento. Parecia tarde demais, mas para Deus não era, e ele foi ressuscitado.
Aquele vale cheio de ossos desarticulados e misturados mostra a desorganização de uma vida sem Deus. Vida? É mais apropriado dizer uma morte em vida. Desorganização nos sentimentos, nos negócios, nos objetivos, na família, etc. Muitas pessoas hoje são verdadeiros mortos-vivos. Já sepultaram seus sonhos e seus ideais. Deus disse ao profeta : "Filho do homem, profetiza aos ossos: ossos secos ouvi a palavra do Senhor..." A Palavra de Deus é o remédio para o problema do homem. É através da palavra de Deus, a Bíblia, pregada e ensinada, que os mortos espirituais viverão. A Palavra de Deus é viva (Hb.4.12) e comunica vida. Aqueles que receberem de bom grado essa Palavra, serão por ela transformados, vivificados.
Cada osso vai encontrando seu lugar no corpo. Isso pode ser usado de forma aplicada para dizer que cada pessoa vai encontrando sua posição no corpo de Cristo, que é a igreja. Vai encontrando sua razão de viver, sua missão, seu objetivo de vida, sua função.
O texto destaca ainda a importância da ação do Espírito de Deus sobre nós. De nada adianta tudo estar no seu lugar, se não houver a ação do Espírito Santo, se não houver unção, se não houver poder. Seria como um motor de um carro que estivesse bem montado, mas sem o lubrificante e o combustível necessários ao seu perfeito funcionamento. Assim, nossas igrejas não devem ser apenas organizações bem estruturadas. Isso é bom, mas não é suficiente. Não podemos funcionar sem o poder do Espírito Santo, sem a unção dos céus.
Uma vez que estamos vivificados pela Palavra, e ungidos pelo Espírito, tornamo-nos um exército. Deus não ressuscitou aqueles mortos para que cada um fosse cuidar de seus próprios interesses. Deus os ressuscitou para que se tornassem um exército para lutar na causa do Senhor. Aqueles que são vivificados, salvos pelo Senhor, serão usados para alcançar outros. Isso não quer dizer que deixaremos de cumprir com os nossos deveres. Vamos trabalhar, estudar, divertir, etc. Mas nada disso ocupará o lugar de Deus em nossas vidas. Nada disso poderá impedir que façamos nosso trabalho na obra de Deus. Ele nos ressuscitou (Ef.2.1-2). Logo, nossa vida pertence a ele e vamos viver para a sua glória.
emailanisiora@mg.trt.gov.br
Em caso de reprodução desta mensagem, favor mencionar o nome do autor.
Anísio Renato de Andrade
"... O Senhor me levou em espírito e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos... eram numerosos e estavam sequíssimos... Então me disse: Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor... Então profetizei... e eis que se fez um reboliço, e os ossos se juntaram, cada osso ao seu osso... E profetizei como ele me deu ordem: então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo." (Transcrição parcial do texto de Ezequiel 37.1-14)
Uma das mensagens desse texto é a esperança baseada no poder de Deus. Se Deus enviasse o profeta ao meio de pessoas doentes, Ezequiel talvez pudesse sugerir tratamentos para elas. Porém, Deus o coloca diante de mortos, e não apenas isso, mortos há muito tempo, com seus ossos sequíssimos. É um quadro que mostra o fim dos recursos naturais e humanos. Aparentemente, é o fim de tudo. Mas os recursos divinos ainda não se esgotaram. Aleluia!
Quando tudo parece perdido, Deus ainda tem solução. Veja o caso de Lázaro (João 11). Jesus chegou quatro dias depois do seu sepultamento. Parecia tarde demais, mas para Deus não era, e ele foi ressuscitado.
Aquele vale cheio de ossos desarticulados e misturados mostra a desorganização de uma vida sem Deus. Vida? É mais apropriado dizer uma morte em vida. Desorganização nos sentimentos, nos negócios, nos objetivos, na família, etc. Muitas pessoas hoje são verdadeiros mortos-vivos. Já sepultaram seus sonhos e seus ideais. Deus disse ao profeta : "Filho do homem, profetiza aos ossos: ossos secos ouvi a palavra do Senhor..." A Palavra de Deus é o remédio para o problema do homem. É através da palavra de Deus, a Bíblia, pregada e ensinada, que os mortos espirituais viverão. A Palavra de Deus é viva (Hb.4.12) e comunica vida. Aqueles que receberem de bom grado essa Palavra, serão por ela transformados, vivificados.
Cada osso vai encontrando seu lugar no corpo. Isso pode ser usado de forma aplicada para dizer que cada pessoa vai encontrando sua posição no corpo de Cristo, que é a igreja. Vai encontrando sua razão de viver, sua missão, seu objetivo de vida, sua função.
O texto destaca ainda a importância da ação do Espírito de Deus sobre nós. De nada adianta tudo estar no seu lugar, se não houver a ação do Espírito Santo, se não houver unção, se não houver poder. Seria como um motor de um carro que estivesse bem montado, mas sem o lubrificante e o combustível necessários ao seu perfeito funcionamento. Assim, nossas igrejas não devem ser apenas organizações bem estruturadas. Isso é bom, mas não é suficiente. Não podemos funcionar sem o poder do Espírito Santo, sem a unção dos céus.
Uma vez que estamos vivificados pela Palavra, e ungidos pelo Espírito, tornamo-nos um exército. Deus não ressuscitou aqueles mortos para que cada um fosse cuidar de seus próprios interesses. Deus os ressuscitou para que se tornassem um exército para lutar na causa do Senhor. Aqueles que são vivificados, salvos pelo Senhor, serão usados para alcançar outros. Isso não quer dizer que deixaremos de cumprir com os nossos deveres. Vamos trabalhar, estudar, divertir, etc. Mas nada disso ocupará o lugar de Deus em nossas vidas. Nada disso poderá impedir que façamos nosso trabalho na obra de Deus. Ele nos ressuscitou (Ef.2.1-2). Logo, nossa vida pertence a ele e vamos viver para a sua glória.
emailanisiora@mg.trt.gov.br
Em caso de reprodução desta mensagem, favor mencionar o nome do autor.
HARMONIA CONJUGAL
HARMONIA CONJUGAL
Como ser feliz no Casamento
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
O relacionamento entre marido e mulher é fundamental para um matrimonio feliz e este é indispensável para que haja uma família feliz. Numa visão cristã, com base na Bíblia, procuraremos analisar alguns fatores importantes para a harmonia conjugal.
1. ORIGEM DO CASAMENTO
Todo cristão já sabe que o casamento é de ORIGEM DIVINA. Gn 1.27; 2.18,24.
2. OBJETIVO DO CASAMENTO
Podemos dizer que o casamento tem como objetivo primordial a UNIÃO legítima entre um homem e uma mulher para:
2.1. A felicidade do homem
2.2. Construir Família
2.3. Servir a Deus
2.4. Adorar a Deus
Com isso, o Criador visava propiciar ambiente e condição para a FELICIDADE do homem, não o deixando na solidão (Gn 2.18).
3. PRÉ-REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA UM CASAMENTO FELIZ
3.1. Aceitar os princípios da palavra de Deus para o matrimônio.
O cristão deve ter em mente que em tudo na vida deve submeter-se à Palavra de Deus, como servo (Mt 20.25-28), temer a Deus e andar nos seus caminhos (Sl 128)
3.2. Submeter-se ao Espírito Santo para obedecer a palavra de Deus
Somente com o poder do Espírito Santo o casal tem condições de obedecer a Palavra de Deus com relação ao casamento. Para tanto, precisa do Fruto do Espírito em seu relacionamento, conforme Gl 5.22-23. O homem espiritual e a mulher espiritual, que são os verdadeiros crentes, demonstram isso na vida diária: AMOR, GOZO, PAZ, LONGANIMIDADE, BENIGNIDADE, BONDADE, FÉ, MANSIDÃO, TEMPERANÇA. Havendo essas maravilhosas virtudes do Espírito, o casal, o casamento e a família serão felizes.
4. REQUISITOS PARA UM CASAMENTO FELIZ
Com base na Palavra de Deus, temos a seguir os requisitos que consideramos mais importantes:
4.1. Independência (Gn 2.24)
1) Emocional
2) Domiciliar
3) Financeira
4.2. União Espiritual
- Os dois precisam ter as mesmas convicções espirituais (2 Co 6.14);
- Precisam ter o mesmo COMPORTAMENTO espiritual no servir a Deus (1 Pe 3.7).
4.3. União Psicológica
- Refere-se à união dos temperamentos, dos sentimentos, das emoções (1 Co 1.10);
- Equilíbrio emocional, "temperado"; Fruto da temperança (Gl 5.22; 2 Co 13.11).
4.4. União intelectual
- Resultante da formação, da instrução, dos conhecimentos adquiridos. Se possível, os dois devem ter o mesmo nível intelectual ou níveis aproximados;
4.5. União social
- O casal origina-se de famílias diferentes: pais, sogros, parentes;
- Constituem família (grupo social):
- Sociedade: CASAL-FAMÍLIA-SOCIEDADE
- Aspecto legal: 1 Co 7.39b.
4.6. União física/sexual
1) Sua Natureza
- Prevista por Deus (Gn 1.27-28; 2.24)
- Não era, nem é e nem será pecado (dentro dos princípios de Deus): Hb 13.4;
2) Sua Finalidade
- Procriação (Gn 1.28);
- Ajustamento mútuo entre marido e mulher (1 Co 7.1-7);
- Satisfação (bem-estar, prazer): Pv 5.18-23; Ec 9.9 ; Ver Livro de Cantares de Salomão.
- Deus valoriza a união sexual entre marido e mulher (Dt 24.5)
3) Como deve ser, no plano de Deus
- Exclusiva (Gn 2.24; Pv 5.17);
- Monogâmica;
- Alegre (Pv 5.18);
- Santa (1 Pe 1.15; 1 Ts 4.4-8)
- Natural ( Ct 2.6; 8.3)
- Observar o significado do Corpo para Deus como
Templo do Espírito Santo
Propriedade de Deus
1 Co 6.19-20
4.7. União Amorosa
- O marido deve amar sua esposa (até de modo sacrificial) : Ef 5.25;
- A esposa deve amar o seu esposo (Tt 2.4; 1 Pe 1.22)
4.7.1. Como Demonstar o Amor
- Com afeto, com carinho, com palavras ( Ct 4.1,10; Pv 31.29);
- Com gestos, abraços, carícias (1 Jo 3.18; 1 Pe 3.8);
- Fazendo o possível em favor do outro (Ef 5.25);
- Zelando um ao outro (Ef 5.29).
O AMOR é o elo principal do relacionamento entre o marido e a mulher. Se não houver o amor tudo desaba. Este amor deve estar dominado pelo AMOR ÁGAPE ( 1 Co 13).
4.8. Respeito
* O marido deve respeitar a mulher (1 Pe 3.7);
* A mulher deve respeitar o marido ( Ef 5.33);
* Um não é maior que o outro (1 Co 11.11; Gl 3.26-28).
4.9. Comunicação
- É necessário DISPONIBILIDADE DE TEMPO para a comunicação entre o casal (Ec 3.1-2)
- Inimigos da comunicação:
a) Excesso de trabalho: no Lar, no emprego, na igreja;
b) Desunião (Tg 3.13-18);
c) Desvio de atenções: TV, atividades, amigos.
4.10. Entender o conceito de liderança Cristão no Lar
1) O Marido é a cabeça (O LÍDER) do casal e do lar (Ef 5.22-23)
2) A Mulher é a vice-líder, ao lado do marido (ADJUTORA) Gn 2.18;1 Tm 5.14.
3) A liderança do casal esta sob a liderança de Cristo (1 Co11.1-3)
DEUS < CRISTO < MARIDO < ESPOSA < FILHOS
4)Naturezada liderança Cristã:
a) Centrada em Cristo
b) Espiritual
c) Amorosa
d) Participativa
--------------------------------------------------------------------------------
5. CONCLUSÃO
SEMINÁRIO PARA CASAIS
Instrutores:
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Íris de Castro Lima
ÍTENS PARA REFLEXÃO PELO CASAL SOBRE SUA SITUAÇÃO CONJUGAL
Em cada item, com exceção do item 4., deve ser observado o seguinte, em termos de pontuação:
- Coloquem 3, se a resposta for POSITIVA, sem restrições;
- Coloquem 2, se a resposta for POSITIVA, mas com restrições;
- Coloquem 0, se a resposta for NEGATIVA.
Com relação ao item 4, coloque 9, se responderem a todos os aspectos do fruto do Espírito e 0, se deixarem de atender a qualquer deles.
____1. Em nosso casamento, estamos atendendo aos seus objetivos de constituir família, servir e adorar a Deus?
____2. Nós temos aceitado, de fato, os princípios de Deus para o matrimônio, conforme a sua Palavra?
____3. Nós temos dado lugar ao Espírito Santo para que Ele nos encha e, assim, possamos cumprir a Palavra de Deus com relação ao nosso casamento?
____4. Em nosso relacionamento cotidiano, temos demonstrado possuir o FRUTO DO ESPÍRITO, que é um só, evidenciado em amor, gozo, paz, longanimidade (paciência), benignidade, bondade , fé, mansidão e temperança (domínio próprio)?
____5. Temos deixado nosssos pais para constituir nosso lar, conforme a Palavra de Deus?
____6. Somos, de fato, unidos espiritualmente, tendo as mesmas convicções, os mesmos objetivos, na adoração a Deus, na criação de nossos filhos?
____7. Na parte emocional, somos unidos, não obstante as diferenças de nossos temperamentos?
____8. Nosso nível de instrução tem contribuído para um melhor relacionamento?
____9. Nosso casamento tem sido motivo de satisfação para nossos respectivos pais?
____10. Nosso relacionamento sexual tem sido de acordo com a vontade de Deus?
____11. Temos satisfeito um ao outro no relacionamento sexual?
____12. Temos sido afetuosos um para o outro com palavras, tais como "Eu te amo, gosto de você...) e gestos (abraços, carícias e beijos)?
____13. Temos respeitado e honrado um ao outro, principalmente nas horas de discordâncias?
____14. Temos reservado tempo para nos comunicar um com o outro, de modo efetivo, conversando e dialogando, no dia-a-dia?
____15. No aspecto da liderança, tem havido compreensão, principalmente quanto à liderança do
esposo e a submissão da mulher, nos termos da Palavra de Deus?Nossa situação conjugal é ______________
Pontuação: De 40-51: Excelente; De 30 a 39: Ótima; De 20 a 29: Boa, precisando rever o relacionamento; De 10 a 19: Regular, precisando de aconselhamento; Abaixo de 10 pontos: Crítica, precisando urgente de aconselhamento.
Ao término da avaliação pelo casal, façam uma oração a Deus, de acordo com a conclusão obtida.
Se o relacionamento precisa ser revisto, que assumam o compromisso diante de Deus para buscar com humildade as mudanças necessárias, em oração e submissão a Deus. Se necessário, peçam perdão um ao outro.
Se precisarem de aconselhamento, que o façam, buscando alguém que mereça confiança.
Como ser feliz no Casamento
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
O relacionamento entre marido e mulher é fundamental para um matrimonio feliz e este é indispensável para que haja uma família feliz. Numa visão cristã, com base na Bíblia, procuraremos analisar alguns fatores importantes para a harmonia conjugal.
1. ORIGEM DO CASAMENTO
Todo cristão já sabe que o casamento é de ORIGEM DIVINA. Gn 1.27; 2.18,24.
2. OBJETIVO DO CASAMENTO
Podemos dizer que o casamento tem como objetivo primordial a UNIÃO legítima entre um homem e uma mulher para:
2.1. A felicidade do homem
2.2. Construir Família
2.3. Servir a Deus
2.4. Adorar a Deus
Com isso, o Criador visava propiciar ambiente e condição para a FELICIDADE do homem, não o deixando na solidão (Gn 2.18).
3. PRÉ-REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA UM CASAMENTO FELIZ
3.1. Aceitar os princípios da palavra de Deus para o matrimônio.
O cristão deve ter em mente que em tudo na vida deve submeter-se à Palavra de Deus, como servo (Mt 20.25-28), temer a Deus e andar nos seus caminhos (Sl 128)
3.2. Submeter-se ao Espírito Santo para obedecer a palavra de Deus
Somente com o poder do Espírito Santo o casal tem condições de obedecer a Palavra de Deus com relação ao casamento. Para tanto, precisa do Fruto do Espírito em seu relacionamento, conforme Gl 5.22-23. O homem espiritual e a mulher espiritual, que são os verdadeiros crentes, demonstram isso na vida diária: AMOR, GOZO, PAZ, LONGANIMIDADE, BENIGNIDADE, BONDADE, FÉ, MANSIDÃO, TEMPERANÇA. Havendo essas maravilhosas virtudes do Espírito, o casal, o casamento e a família serão felizes.
4. REQUISITOS PARA UM CASAMENTO FELIZ
Com base na Palavra de Deus, temos a seguir os requisitos que consideramos mais importantes:
4.1. Independência (Gn 2.24)
1) Emocional
2) Domiciliar
3) Financeira
4.2. União Espiritual
- Os dois precisam ter as mesmas convicções espirituais (2 Co 6.14);
- Precisam ter o mesmo COMPORTAMENTO espiritual no servir a Deus (1 Pe 3.7).
4.3. União Psicológica
- Refere-se à união dos temperamentos, dos sentimentos, das emoções (1 Co 1.10);
- Equilíbrio emocional, "temperado"; Fruto da temperança (Gl 5.22; 2 Co 13.11).
4.4. União intelectual
- Resultante da formação, da instrução, dos conhecimentos adquiridos. Se possível, os dois devem ter o mesmo nível intelectual ou níveis aproximados;
4.5. União social
- O casal origina-se de famílias diferentes: pais, sogros, parentes;
- Constituem família (grupo social):
- Sociedade: CASAL-FAMÍLIA-SOCIEDADE
- Aspecto legal: 1 Co 7.39b.
4.6. União física/sexual
1) Sua Natureza
- Prevista por Deus (Gn 1.27-28; 2.24)
- Não era, nem é e nem será pecado (dentro dos princípios de Deus): Hb 13.4;
2) Sua Finalidade
- Procriação (Gn 1.28);
- Ajustamento mútuo entre marido e mulher (1 Co 7.1-7);
- Satisfação (bem-estar, prazer): Pv 5.18-23; Ec 9.9 ; Ver Livro de Cantares de Salomão.
- Deus valoriza a união sexual entre marido e mulher (Dt 24.5)
3) Como deve ser, no plano de Deus
- Exclusiva (Gn 2.24; Pv 5.17);
- Monogâmica;
- Alegre (Pv 5.18);
- Santa (1 Pe 1.15; 1 Ts 4.4-8)
- Natural ( Ct 2.6; 8.3)
- Observar o significado do Corpo para Deus como
Templo do Espírito Santo
Propriedade de Deus
1 Co 6.19-20
4.7. União Amorosa
- O marido deve amar sua esposa (até de modo sacrificial) : Ef 5.25;
- A esposa deve amar o seu esposo (Tt 2.4; 1 Pe 1.22)
4.7.1. Como Demonstar o Amor
- Com afeto, com carinho, com palavras ( Ct 4.1,10; Pv 31.29);
- Com gestos, abraços, carícias (1 Jo 3.18; 1 Pe 3.8);
- Fazendo o possível em favor do outro (Ef 5.25);
- Zelando um ao outro (Ef 5.29).
O AMOR é o elo principal do relacionamento entre o marido e a mulher. Se não houver o amor tudo desaba. Este amor deve estar dominado pelo AMOR ÁGAPE ( 1 Co 13).
4.8. Respeito
* O marido deve respeitar a mulher (1 Pe 3.7);
* A mulher deve respeitar o marido ( Ef 5.33);
* Um não é maior que o outro (1 Co 11.11; Gl 3.26-28).
4.9. Comunicação
- É necessário DISPONIBILIDADE DE TEMPO para a comunicação entre o casal (Ec 3.1-2)
- Inimigos da comunicação:
a) Excesso de trabalho: no Lar, no emprego, na igreja;
b) Desunião (Tg 3.13-18);
c) Desvio de atenções: TV, atividades, amigos.
4.10. Entender o conceito de liderança Cristão no Lar
1) O Marido é a cabeça (O LÍDER) do casal e do lar (Ef 5.22-23)
2) A Mulher é a vice-líder, ao lado do marido (ADJUTORA) Gn 2.18;1 Tm 5.14.
3) A liderança do casal esta sob a liderança de Cristo (1 Co11.1-3)
DEUS < CRISTO < MARIDO < ESPOSA < FILHOS
4)Naturezada liderança Cristã:
a) Centrada em Cristo
b) Espiritual
c) Amorosa
d) Participativa
--------------------------------------------------------------------------------
5. CONCLUSÃO
SEMINÁRIO PARA CASAIS
Instrutores:
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
Íris de Castro Lima
ÍTENS PARA REFLEXÃO PELO CASAL SOBRE SUA SITUAÇÃO CONJUGAL
Em cada item, com exceção do item 4., deve ser observado o seguinte, em termos de pontuação:
- Coloquem 3, se a resposta for POSITIVA, sem restrições;
- Coloquem 2, se a resposta for POSITIVA, mas com restrições;
- Coloquem 0, se a resposta for NEGATIVA.
Com relação ao item 4, coloque 9, se responderem a todos os aspectos do fruto do Espírito e 0, se deixarem de atender a qualquer deles.
____1. Em nosso casamento, estamos atendendo aos seus objetivos de constituir família, servir e adorar a Deus?
____2. Nós temos aceitado, de fato, os princípios de Deus para o matrimônio, conforme a sua Palavra?
____3. Nós temos dado lugar ao Espírito Santo para que Ele nos encha e, assim, possamos cumprir a Palavra de Deus com relação ao nosso casamento?
____4. Em nosso relacionamento cotidiano, temos demonstrado possuir o FRUTO DO ESPÍRITO, que é um só, evidenciado em amor, gozo, paz, longanimidade (paciência), benignidade, bondade , fé, mansidão e temperança (domínio próprio)?
____5. Temos deixado nosssos pais para constituir nosso lar, conforme a Palavra de Deus?
____6. Somos, de fato, unidos espiritualmente, tendo as mesmas convicções, os mesmos objetivos, na adoração a Deus, na criação de nossos filhos?
____7. Na parte emocional, somos unidos, não obstante as diferenças de nossos temperamentos?
____8. Nosso nível de instrução tem contribuído para um melhor relacionamento?
____9. Nosso casamento tem sido motivo de satisfação para nossos respectivos pais?
____10. Nosso relacionamento sexual tem sido de acordo com a vontade de Deus?
____11. Temos satisfeito um ao outro no relacionamento sexual?
____12. Temos sido afetuosos um para o outro com palavras, tais como "Eu te amo, gosto de você...) e gestos (abraços, carícias e beijos)?
____13. Temos respeitado e honrado um ao outro, principalmente nas horas de discordâncias?
____14. Temos reservado tempo para nos comunicar um com o outro, de modo efetivo, conversando e dialogando, no dia-a-dia?
____15. No aspecto da liderança, tem havido compreensão, principalmente quanto à liderança do
esposo e a submissão da mulher, nos termos da Palavra de Deus?Nossa situação conjugal é ______________
Pontuação: De 40-51: Excelente; De 30 a 39: Ótima; De 20 a 29: Boa, precisando rever o relacionamento; De 10 a 19: Regular, precisando de aconselhamento; Abaixo de 10 pontos: Crítica, precisando urgente de aconselhamento.
Ao término da avaliação pelo casal, façam uma oração a Deus, de acordo com a conclusão obtida.
Se o relacionamento precisa ser revisto, que assumam o compromisso diante de Deus para buscar com humildade as mudanças necessárias, em oração e submissão a Deus. Se necessário, peçam perdão um ao outro.
Se precisarem de aconselhamento, que o façam, buscando alguém que mereça confiança.
O PERIGO DA VAIDADE NO MINISTÉRIO
O PERIGO DA VAIDADE NO MINISTÉRIO
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
INTRODUÇÃO
O ministério eclesiástico, constituído de muitas funções a serem desempenhadas em favor da Igreja do Senhor, envolve de tal forma aqueles que a ele se dedicam, que exige tempo, esforço, preparo, unção e cuidado. Se o obreiro não souber administrar seu comportamento, com graça e vigilância, poderá ser vítima da vaidade ministerial, que tem levado muitos ao desprestígio e queda, diante de Deus, da igreja e dos homens. Solenemente proclama a Bíblia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16:18). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao que se passa em torno do ministério. O perigo pode não estar longe, mas bem perto, dentro de cada um obreiro do Senhor. Além do sexo, dinheiro e poder, que são os três elementos mais comuns, usados pelo diabo para derrubar líderes, há outros, derivados desses, que minam as bases do ministério de muitos obreiros, levando-os a serem vaidosos no ministério. Vaidade vem de vanitate (lat.), com o significado de "vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens". Esse último significado, a propósito sublinhado, tem muito a ver com a vaidade no ministério.
O perigo da vaidade em relação ao sexo
Não é à toa que o sábio, escritor do livro de Provérbios, exortando o filho de Deus, ensina que é necessário ter sabedoria, bom siso e temor do Senhor, para se livrar da mulher adúltera, "que lisonjeia com suas palavras, a qual deixa o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão e não atinarão com as veredas da vida" (Pv 5.16-19).
Muitas vezes, por falta de vigilância oração, o obreiro acerca-se de mulheres, em seu trabalho, sem atentar para seu comportamento, não percebendo que armadilhas do diabo estão sendo colocadas diante de si. Não raro, é o pastor que tem como secretária uma jovem solteira, ou uma jovem senhora, carente de afeto, que se insinua e se oferece para satisfazer a carência afetiva do obreiro, muitas vezes afastado da esposa, por causa do "ativismo frenético", que não lhe deixa tempo para a família. E o homem de Deus, esquecendo-se das bênçãos que lhe são reservadas, troca a dignidade ministerial por um relacionamento ilícito e pecaminoso, para sua própria destruição. Um ponto crítico, alvo de tentação, é o aconselhamento, em sua maioria a mulheres da igreja.
Conheço casos de obreiros que perderam a reputação, o cargo e o ministério porque se deixaram envolver emocionalmente com pessoas aconselhadas, e caíram na armadilha do sexo. Diante de uma bela mulher, há obreiros que ficam vaidosos, sentindo-se como se fossem galãs conquistadores. Na verdade, estão sendo conquistados pelo diabo. É o velho comportamento de Esaú, trocando as bênçãos do ministério pelo prato de lentilhas do prazer imediato.
Não há outro caminho para escapar da queda, a não ser o temor de Deus, a vigilância, a oração (Mt 26.41) e o desenvolvimento de um relacionamento amoroso com a esposa, que envolva carinho, companheirismo e verdadeira afeição. A Bíblia diz: "Tem cuidado de ti mesmo..." (1 Tm 4.16).
A vaidade em relação do dinheiro
O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em nenhuma parte que o dinheiro é perigoso. Ela nos adverte quanto ao "amor do dinheiro", que é a "raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10). Uma boa "prebenda" pode levar muitos à vaidade.
A Palavra de Deus é infalível. Aqueles que, na direção de igrejas, principalmente de grande porte, cuja renda mensal é considerada alta, não têm cuidado de vigiar no trato com recursos financeiros, acabam afundando na cobiça, esquecendo-se da missão, e tornando-se verdadeiros cambistas, negociantes e mercantilistas do tesouro da casa do Senhor. E isso é vaidade, futilidade. A vaidade e o poder que detêm os torna como se fossem donos do tesouro da igreja, e passam a gastar como bem querem e entendem, sem dar satisfação sequer à Diretoria, e muito menos à igreja, que se sente desconfiada, por nunca ouvir um relatório financeiro da tesouraria.
É lamentável, mas há obreiros que compram bens pessoais, ás custas do dinheiro dos dízimos e ofertas do Senhor. Certamente, a maldição os alcançará, pois estão sonegando os recursos destinado à Obra do Senhor. Essa vaidade é prejudicial ao bom nome da igreja. A Bíblia conta o que ocorreu com Gideão. Numa fase de sua vida, deixou-se levar pela direção de Deus, e foi grandemente abençoado, sendo protagonista de espetacular vitória contra os midianitas, à frente de apenas 300 homens (Jz 7).
Contudo, após a grande vitória, cobiçou o ouro de seus liderados, solicitando que cada um deles lhe desse "os pendentes de ouro do despojo", no que foi atendido pelos que o admiravam (Jz 8.24). Tentado pela cobiça do metal precioso, Gideão deixou que subisse para a cabeça o desejo de ter sua própria "igreja", levantando um lugar de adoração, com o ouro que lhe foi presenteado, mandando confeccionar um éfode, " e todo o Israel se prostituiu ali após dele: foi por tropeço a Gideão e à sua casa...e sucedeu que , quando Gideão faleceu, os filhos de Israel e se tornaram, e se prostituíram após dos baalins: e puseram Baal-Berite por seu deus" (Jz 8.27,32).
Tem razão a Palavra de Deus, quando adverte que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...".
A vaidade do poder do cargo
Há obreiros que, enquanto dirigentes de pequenas igrejas, são humildes, despretensiosos e dedicados à missão que lhe foi confiada. Contudo, ao verem a obra crescer, fazendo-os líderes de grandes igrejas, esquecem de que "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" (1 Co 3:7), e passam a se comportar como verdadeiros imperadores ou ditadores eclesiásticos.
O cargo de pastor, do bispo ou do presbítero é de grande valor para a igreja. A Bíblia diz Deus deu pastores à igreja, ao lado de evangelistas e mestres, "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12). Aí está o objetivo do cargo ou da função pastoral.
Quando o ministro perde essa visão, acaba pensando que o cargo é fonte de poder pessoal, humano e carnal, e passa a usar a posição para a satisfação de interesses pessoais ou de grupos que se formam ao seu redor, e deixa-se dominar pela vaidade ministerial. Uzias, que reinou em lugar de seu pai, Amazias, aos dezesseis anos de idade, teve um grande ministério, aconselhando-se com Zacarias. A Bíblia diz que ele, "nos dias em que buscou o Senhor, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.3,5). Acrescenta, ainda a Palavra, que Uzias foi "maravilhosamente ajudado até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Cr 26.15,16).
Esse episódio demonstra que a ilusão ou a vaidade do poder, oriundo da posição que o líder ocupa é fonte de comportamentos os mais estranhos e imprevisíveis. O diabo se aproveita das fraquezas da personalidade de certas pessoas, e incita-as a julgar-se grandes demais, a ponto de extrapolarem suas ações, agindo de modo ilegítimo, e contra a vontade de Deus. Uzias foi grandemente abençoado, até que, sentindo-se forte, ou seja, cheio de poder, entendeu que podia imiscuir-se nas funções que eram privativas do sacerdote de sua época. Porque ele fez isso? Porque se deixou dominar pela vaidade do poder.
É muito importante que o obreiro, no ministério, tenha consciência de que o poder que lhe sustenta não é o poder pessoal, nem o poder do cargo. O homem de Deus só pode ser sustentado e permanecer firme, se reconhecer que o poder vem de Deus. Davi disse: "Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus" (Sl 62:11). S. Paulo, doutrinando aos efésios sobre as armas que são colocadas à disposição do crente, ensinou: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6.10).
O poder que emana do cargo ministerial é passageiro. Da mesma forma, o poder que advém do dinheiro, da posição, da fama ou de qualquer outra fonte, tem raízes nas forças do homem, e não tem durabilidade, pois debaixo do sol tudo é vaidade, conforme diz o sábio escritor do Eclesiastes (Ec 1.14). Dessa forma, é melhor não se deixar dominar pela vaidade do poder, pois, um dia, quando o detentor do cargo tem que deixa-lo, seja por jubilação ou por outra razão, poderá sofrer muito, sentindo falta do poder de que foi detentor. Contudo, quando o homem de Deus não se deixa seduzir pela vaidade do poder, e confia no poder de Deus, ele pode sair do cargo de cabeça erguida, sem sentir carência da posição.
A vaidade na pregação
Um obreiro, pastor ou líder, à frente do trabalho, precisa ter mensagens para transmitir ao rebanho. A verdadeira mensagem é aquela que vem de cima, que flui do Espírito de Deus para o espírito do mensageiro, e passa para a igreja, com unção e graça, de modo que todos são tocados pelo poder de Deus, transbordando em amor, temor e alegria espiritual.
Esse tipo de mensagem só pode existir, se o obreiro buscar a presença de Deus, em oração e jejum. Certo pregador dizia que muitos lhe indagavam sobre o segredo de ter tanta unção para transmitir mensagens para o povo, ao que ele respondeu - "O segredo é que muitos oram cinco minutos para pregar uma hora; eu oro uma hora para pregar cinco minutos".
Infelizmente, há os que, conscientes de que possuem o dom da palavra, ou o dom da oratória, ficam orgulhosos, e passam a se comportar como se fossem meros oradores de palanques, procurando impressionar a igreja. Há até os pregadores profissionais, que se utilizam das técnicas de comunicação, para atrair os ouvintes; são portadores de mensagens "enlatadas", as quais só precisam de um "esquente" da platéia para arrancarem glórias e aleluias.
O uso da oratória, fundamentada numa boa orientação da Homilética, não faz mal a nenhum pregador. É um meio adequado que, submisso à unção do Espírito Santo, pode trazer muitos resultados abençoados para o engrandecimento do Reino de Deus. Um esboço de mensagem bem elaborado, com oração e jejum, com base na pesquisa da Palavra de Deus, e transmitido com humildade e dependência do Senhor é um recurso que dá firmeza ao pregador na sua alocução, na transmissão do sermão.
Entretanto, o obreiro, em sua prédica, não deve pensar que tais recursos são a razão do sucesso da mensagem que transmite. S. Paulo, extraordinário pregador, não confiou em sua formação privilegiada, aos pés de Gamaliel. Escrevendo aos coríntios, disse: "A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Co 2:4). Ele confiava na eloquência do poder, ao invés de se firmar no poder da eloquência. A vaidade na pregação faz com que certos evangelistas não se interessem por pregar para pequenas multidões. Seu ego só se satisfaz se lhe for assegurada a assistência de milhares de pessoas.
A vaidade no tratamento
Todo homem de Deus tem o dever de tratar bem às pessoas e o direito de ser bem tratado pelos que dele se aproxima,, pois não é uma pessoa qualquer, mas um servo de Deus, que está incumbido da missão mais importante da face da terra. A Bíblia diz: "a quem honra, honra" (Rm 13.7). Contudo, há aqueles que, dominados pelo sentimento vaidoso, extrapolam seus interesses, e passam a exigir um tratamento exagerado em torno de sua pessoa.
Conheci o caso de certo pregador, que, ao ser convidado para pregar num congresso, não se limitou a aceitar a passagem, a hospedagem e uma oferta da igreja. De antemão, exigiu que a passagem fosse enviada por determinada empresa aérea; que lhe fosse providenciada hospedagem num hotel de categoria internacional (cinco estrelas) para ele e sua esposa; e que também lhe fosse concedida um apartamento duplo para sua empregada e seus filhos, que deveriam acompanhá-lo. E foi atendido. Seu ego foi satisfeito, sua vaidade foi alimentada, às custas dos dízimos e ofertas de irmãos, em sua maioria pobres de recursos e de bens materiais.
Se não tivermos cuidado, vai haver pregador famoso, que poderá exigir até passagem para seu cão de estimação e tratamento "vip" para o animal. Vaidade e mercantilismos podem prejudicar muitos ministérios. Tenho visto que, no Brasil, há obreiros humildes, cheios da unção de Deus, mas, por serem jovens ou não serem famosos, são esquecidos, e nunca aproveitados em cruzadas e congressos.
A vaidade no ministério do louvor
Ao ministrar estudo num certo estado do Brasil, ouvi de irmãos que certo "cantor evangélico famoso" passara por ali, tendo exigido um cachê de quinze mil reais, com cinqüenta por cento adiantado, em depósito em sua conta; carro com ar condicionado, o melhor hotel da cidade.
E lamentavelmente, os irmãos se submeteram à vaidade exagerada daquele homem que, se aproveitando do que Deus fez em sua vida, passou a explorar certas igrejas, infelizmente dirigidas por pastores vaidosos , que só pensam em ver multidões, não importando o preço a pagar. Uma igreja denominacional, que desejava angariar recursos para a construção de um templo, resolveu convidar certo cantor, recém-convertido ao evangelho, esperando obter algum retorno para a obra.
O cantor, conhecido no mundo artístico brasileiro, exigiu, além de hotel de luxo, quase vinte mil reais, para cantar numa só noite, num grande estádio de futebol. Como resultado, as "entradas" não cobriram o "cachê" , a igreja teve prejuízo e amargou grande decepção. Sem dúvida, isso só acontece por causa da vaidade de tais pessoas, e da ingenuidade de certos pastores, que, desejando ver "a casa cheia", convidam celebridades para atrair o povo. A Bíblia nos mostra que o caminho para angariar recursos para a "manutenção" da casa do Senhor é a doutrina sobre a mordomia cristã, no que concerne aos dízimos e ofertas, conforme Malaquias 3.10.
Vaidade nas mordomias
No passado, quando o evangelho chegou à nossa terra, trazido por homens de Deus, que foram pioneiros no desbravamento da obra, as condições de trabalho eram duras e difíceis. Muitos deles andaram a pé, distâncias enormes, que os faziam fadigados e doentes; muitos percorreram os rincões do país, no lombo de cavalos, ou atravessando rios em canoas, sujeitos aos riscos de viagens sem segurança; muitos se hospedarem à margem dos igarapés, infestados de mosquitos e ameaçados por animais selvagens; tomaram água suja e chegaram a ser vitimados pela malária ou pela febre amarela. A eles, muito devemos, pelo seu desprendimento, coragem e fé.
Hoje, no entanto, em geral, vemos que Deus tem propiciado condições de trabalho muito melhores aos obreiros, por esse Brasil a fora. As igrejas maiores podem conceder aos pastores moradia condigna, transportes pessoais, seguro-saúde, salário compatível e muito mais. É verdade que em grande parte, há obreiros que passam necessidades, injustamente. Entretanto, há os que, aproveitando-se da bênção de Deus sobre as igrejas, abusam das mordomias.
Há casos em que o obreiro rejeita a casa pastoral, porque a esposa não gosta do estilo do prédio, e passam a exigir casa com tanto conforto e luxo, nas dependências, que consomem os recursos da igreja. É importante que o pastor more condignamente. Mas não é preciso exibir riqueza e luxo. Por outro lado, há obreiros que exigem salário tão elevado, além decombustível para o carro particular, pagamento de todas as despesas da casa, carro para levar os filhos na escola, empregada, arrumadeira, vigia, etc., que chamam a atenção dos murmuradores contra a obra do Senhor.
Com isso, não desconhecemos a necessidade de um obreiro, líder de um grande trabalho, ter um tratamento adequado ao nível de suas responsabilidades. Se a igreja tem condições, é compreensível. Mas o exagero nesse aspecto, denota vaidade e desejo de aparecer perante a comunidade.
A vaidade na formação teológica
Há pouco mais de vinte anos, quem quisesse estudar teologia, em muitas igrejas, era considerado excêntrico e vaidoso. Muitos que ousaram ingressar num instituto bíblico, tiveram que fazê-lo às suas expensas, sem qualquer ajuda da igreja à qual eram filiados, e ainda assim, considerados malvistos pela liderança. Os tempos passaram e, por razões as mais diversas, como a exigência de melhores conhecimentos bíblicos e teológicos, ou o receio de ver grupos oriundos de certas igrejas arrebanharem os jovens para os cursos considerados "perigosos", as lideranças resolveram investir na área do ensino teológico.
Na última década, proliferaram, no Brasil, os mais variados tipos de escolas, cursos, seminários, institutos, faculdades, etc. , voltados para o ensino teológico. Muitos desses cursos não têm a menor condição técnica, ou mesmo bíblico-teológica para ministrar o ensino, e têm formado um grande número de obreiros , portadores de diploma até de bacharelado em Teologia. Como resultado, passou-se de uma carência de pessoas com curso teológico, para uma grande quantidade de pessoas diplomadas, mas com formação que deixa a desejar, em termos de conhecimentos bíblicos e teológicos.
Alguns desses formados, são obreiros vaidosos, que, possuídos de sentimento de superioridade, passam a desprezar os não formados, considerandos incapazes de exercer o ministério. Isso constitui uma vaidade, que leva muitos a assomarem aos púlpitos, sem unção e sem graça, confiando nos conhecimentos obtidos. A Bíblia nos adverte: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento" (Pv 3.5). Não se deve discriminar os obreiros formados em Teologia. Eles podem ser uma grande bênção para a ministração do ensino, da pesquisa bíblica e da evangelização. Mas não se deve deixar que os conhecimentos tomem o lugar do preparo espiritual para a pregação do evangelho, que se obtém de joelhos, orando e jejuando , na presença do Senhor.
Pastor da Assembléia de Deus em Parnamirim - RN.
(Publicado na Revista OBREIRO, nº 10, de março de 2000, pela CPAD). T
Pr. Elinaldo Renovato de Lima
INTRODUÇÃO
O ministério eclesiástico, constituído de muitas funções a serem desempenhadas em favor da Igreja do Senhor, envolve de tal forma aqueles que a ele se dedicam, que exige tempo, esforço, preparo, unção e cuidado. Se o obreiro não souber administrar seu comportamento, com graça e vigilância, poderá ser vítima da vaidade ministerial, que tem levado muitos ao desprestígio e queda, diante de Deus, da igreja e dos homens. Solenemente proclama a Bíblia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16:18). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao que se passa em torno do ministério. O perigo pode não estar longe, mas bem perto, dentro de cada um obreiro do Senhor. Além do sexo, dinheiro e poder, que são os três elementos mais comuns, usados pelo diabo para derrubar líderes, há outros, derivados desses, que minam as bases do ministério de muitos obreiros, levando-os a serem vaidosos no ministério. Vaidade vem de vanitate (lat.), com o significado de "vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens". Esse último significado, a propósito sublinhado, tem muito a ver com a vaidade no ministério.
O perigo da vaidade em relação ao sexo
Não é à toa que o sábio, escritor do livro de Provérbios, exortando o filho de Deus, ensina que é necessário ter sabedoria, bom siso e temor do Senhor, para se livrar da mulher adúltera, "que lisonjeia com suas palavras, a qual deixa o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão e não atinarão com as veredas da vida" (Pv 5.16-19).
Muitas vezes, por falta de vigilância oração, o obreiro acerca-se de mulheres, em seu trabalho, sem atentar para seu comportamento, não percebendo que armadilhas do diabo estão sendo colocadas diante de si. Não raro, é o pastor que tem como secretária uma jovem solteira, ou uma jovem senhora, carente de afeto, que se insinua e se oferece para satisfazer a carência afetiva do obreiro, muitas vezes afastado da esposa, por causa do "ativismo frenético", que não lhe deixa tempo para a família. E o homem de Deus, esquecendo-se das bênçãos que lhe são reservadas, troca a dignidade ministerial por um relacionamento ilícito e pecaminoso, para sua própria destruição. Um ponto crítico, alvo de tentação, é o aconselhamento, em sua maioria a mulheres da igreja.
Conheço casos de obreiros que perderam a reputação, o cargo e o ministério porque se deixaram envolver emocionalmente com pessoas aconselhadas, e caíram na armadilha do sexo. Diante de uma bela mulher, há obreiros que ficam vaidosos, sentindo-se como se fossem galãs conquistadores. Na verdade, estão sendo conquistados pelo diabo. É o velho comportamento de Esaú, trocando as bênçãos do ministério pelo prato de lentilhas do prazer imediato.
Não há outro caminho para escapar da queda, a não ser o temor de Deus, a vigilância, a oração (Mt 26.41) e o desenvolvimento de um relacionamento amoroso com a esposa, que envolva carinho, companheirismo e verdadeira afeição. A Bíblia diz: "Tem cuidado de ti mesmo..." (1 Tm 4.16).
A vaidade em relação do dinheiro
O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em nenhuma parte que o dinheiro é perigoso. Ela nos adverte quanto ao "amor do dinheiro", que é a "raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10). Uma boa "prebenda" pode levar muitos à vaidade.
A Palavra de Deus é infalível. Aqueles que, na direção de igrejas, principalmente de grande porte, cuja renda mensal é considerada alta, não têm cuidado de vigiar no trato com recursos financeiros, acabam afundando na cobiça, esquecendo-se da missão, e tornando-se verdadeiros cambistas, negociantes e mercantilistas do tesouro da casa do Senhor. E isso é vaidade, futilidade. A vaidade e o poder que detêm os torna como se fossem donos do tesouro da igreja, e passam a gastar como bem querem e entendem, sem dar satisfação sequer à Diretoria, e muito menos à igreja, que se sente desconfiada, por nunca ouvir um relatório financeiro da tesouraria.
É lamentável, mas há obreiros que compram bens pessoais, ás custas do dinheiro dos dízimos e ofertas do Senhor. Certamente, a maldição os alcançará, pois estão sonegando os recursos destinado à Obra do Senhor. Essa vaidade é prejudicial ao bom nome da igreja. A Bíblia conta o que ocorreu com Gideão. Numa fase de sua vida, deixou-se levar pela direção de Deus, e foi grandemente abençoado, sendo protagonista de espetacular vitória contra os midianitas, à frente de apenas 300 homens (Jz 7).
Contudo, após a grande vitória, cobiçou o ouro de seus liderados, solicitando que cada um deles lhe desse "os pendentes de ouro do despojo", no que foi atendido pelos que o admiravam (Jz 8.24). Tentado pela cobiça do metal precioso, Gideão deixou que subisse para a cabeça o desejo de ter sua própria "igreja", levantando um lugar de adoração, com o ouro que lhe foi presenteado, mandando confeccionar um éfode, " e todo o Israel se prostituiu ali após dele: foi por tropeço a Gideão e à sua casa...e sucedeu que , quando Gideão faleceu, os filhos de Israel e se tornaram, e se prostituíram após dos baalins: e puseram Baal-Berite por seu deus" (Jz 8.27,32).
Tem razão a Palavra de Deus, quando adverte que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...".
A vaidade do poder do cargo
Há obreiros que, enquanto dirigentes de pequenas igrejas, são humildes, despretensiosos e dedicados à missão que lhe foi confiada. Contudo, ao verem a obra crescer, fazendo-os líderes de grandes igrejas, esquecem de que "nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" (1 Co 3:7), e passam a se comportar como verdadeiros imperadores ou ditadores eclesiásticos.
O cargo de pastor, do bispo ou do presbítero é de grande valor para a igreja. A Bíblia diz Deus deu pastores à igreja, ao lado de evangelistas e mestres, "querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo" (Ef 4.12). Aí está o objetivo do cargo ou da função pastoral.
Quando o ministro perde essa visão, acaba pensando que o cargo é fonte de poder pessoal, humano e carnal, e passa a usar a posição para a satisfação de interesses pessoais ou de grupos que se formam ao seu redor, e deixa-se dominar pela vaidade ministerial. Uzias, que reinou em lugar de seu pai, Amazias, aos dezesseis anos de idade, teve um grande ministério, aconselhando-se com Zacarias. A Bíblia diz que ele, "nos dias em que buscou o Senhor, Deus o fez prosperar" (2 Cr 26.3,5). Acrescenta, ainda a Palavra, que Uzias foi "maravilhosamente ajudado até que se tornou forte. Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso" (2 Cr 26.15,16).
Esse episódio demonstra que a ilusão ou a vaidade do poder, oriundo da posição que o líder ocupa é fonte de comportamentos os mais estranhos e imprevisíveis. O diabo se aproveita das fraquezas da personalidade de certas pessoas, e incita-as a julgar-se grandes demais, a ponto de extrapolarem suas ações, agindo de modo ilegítimo, e contra a vontade de Deus. Uzias foi grandemente abençoado, até que, sentindo-se forte, ou seja, cheio de poder, entendeu que podia imiscuir-se nas funções que eram privativas do sacerdote de sua época. Porque ele fez isso? Porque se deixou dominar pela vaidade do poder.
É muito importante que o obreiro, no ministério, tenha consciência de que o poder que lhe sustenta não é o poder pessoal, nem o poder do cargo. O homem de Deus só pode ser sustentado e permanecer firme, se reconhecer que o poder vem de Deus. Davi disse: "Uma coisa disse Deus, duas vezes a ouvi: que o poder pertence a Deus" (Sl 62:11). S. Paulo, doutrinando aos efésios sobre as armas que são colocadas à disposição do crente, ensinou: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6.10).
O poder que emana do cargo ministerial é passageiro. Da mesma forma, o poder que advém do dinheiro, da posição, da fama ou de qualquer outra fonte, tem raízes nas forças do homem, e não tem durabilidade, pois debaixo do sol tudo é vaidade, conforme diz o sábio escritor do Eclesiastes (Ec 1.14). Dessa forma, é melhor não se deixar dominar pela vaidade do poder, pois, um dia, quando o detentor do cargo tem que deixa-lo, seja por jubilação ou por outra razão, poderá sofrer muito, sentindo falta do poder de que foi detentor. Contudo, quando o homem de Deus não se deixa seduzir pela vaidade do poder, e confia no poder de Deus, ele pode sair do cargo de cabeça erguida, sem sentir carência da posição.
A vaidade na pregação
Um obreiro, pastor ou líder, à frente do trabalho, precisa ter mensagens para transmitir ao rebanho. A verdadeira mensagem é aquela que vem de cima, que flui do Espírito de Deus para o espírito do mensageiro, e passa para a igreja, com unção e graça, de modo que todos são tocados pelo poder de Deus, transbordando em amor, temor e alegria espiritual.
Esse tipo de mensagem só pode existir, se o obreiro buscar a presença de Deus, em oração e jejum. Certo pregador dizia que muitos lhe indagavam sobre o segredo de ter tanta unção para transmitir mensagens para o povo, ao que ele respondeu - "O segredo é que muitos oram cinco minutos para pregar uma hora; eu oro uma hora para pregar cinco minutos".
Infelizmente, há os que, conscientes de que possuem o dom da palavra, ou o dom da oratória, ficam orgulhosos, e passam a se comportar como se fossem meros oradores de palanques, procurando impressionar a igreja. Há até os pregadores profissionais, que se utilizam das técnicas de comunicação, para atrair os ouvintes; são portadores de mensagens "enlatadas", as quais só precisam de um "esquente" da platéia para arrancarem glórias e aleluias.
O uso da oratória, fundamentada numa boa orientação da Homilética, não faz mal a nenhum pregador. É um meio adequado que, submisso à unção do Espírito Santo, pode trazer muitos resultados abençoados para o engrandecimento do Reino de Deus. Um esboço de mensagem bem elaborado, com oração e jejum, com base na pesquisa da Palavra de Deus, e transmitido com humildade e dependência do Senhor é um recurso que dá firmeza ao pregador na sua alocução, na transmissão do sermão.
Entretanto, o obreiro, em sua prédica, não deve pensar que tais recursos são a razão do sucesso da mensagem que transmite. S. Paulo, extraordinário pregador, não confiou em sua formação privilegiada, aos pés de Gamaliel. Escrevendo aos coríntios, disse: "A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Co 2:4). Ele confiava na eloquência do poder, ao invés de se firmar no poder da eloquência. A vaidade na pregação faz com que certos evangelistas não se interessem por pregar para pequenas multidões. Seu ego só se satisfaz se lhe for assegurada a assistência de milhares de pessoas.
A vaidade no tratamento
Todo homem de Deus tem o dever de tratar bem às pessoas e o direito de ser bem tratado pelos que dele se aproxima,, pois não é uma pessoa qualquer, mas um servo de Deus, que está incumbido da missão mais importante da face da terra. A Bíblia diz: "a quem honra, honra" (Rm 13.7). Contudo, há aqueles que, dominados pelo sentimento vaidoso, extrapolam seus interesses, e passam a exigir um tratamento exagerado em torno de sua pessoa.
Conheci o caso de certo pregador, que, ao ser convidado para pregar num congresso, não se limitou a aceitar a passagem, a hospedagem e uma oferta da igreja. De antemão, exigiu que a passagem fosse enviada por determinada empresa aérea; que lhe fosse providenciada hospedagem num hotel de categoria internacional (cinco estrelas) para ele e sua esposa; e que também lhe fosse concedida um apartamento duplo para sua empregada e seus filhos, que deveriam acompanhá-lo. E foi atendido. Seu ego foi satisfeito, sua vaidade foi alimentada, às custas dos dízimos e ofertas de irmãos, em sua maioria pobres de recursos e de bens materiais.
Se não tivermos cuidado, vai haver pregador famoso, que poderá exigir até passagem para seu cão de estimação e tratamento "vip" para o animal. Vaidade e mercantilismos podem prejudicar muitos ministérios. Tenho visto que, no Brasil, há obreiros humildes, cheios da unção de Deus, mas, por serem jovens ou não serem famosos, são esquecidos, e nunca aproveitados em cruzadas e congressos.
A vaidade no ministério do louvor
Ao ministrar estudo num certo estado do Brasil, ouvi de irmãos que certo "cantor evangélico famoso" passara por ali, tendo exigido um cachê de quinze mil reais, com cinqüenta por cento adiantado, em depósito em sua conta; carro com ar condicionado, o melhor hotel da cidade.
E lamentavelmente, os irmãos se submeteram à vaidade exagerada daquele homem que, se aproveitando do que Deus fez em sua vida, passou a explorar certas igrejas, infelizmente dirigidas por pastores vaidosos , que só pensam em ver multidões, não importando o preço a pagar. Uma igreja denominacional, que desejava angariar recursos para a construção de um templo, resolveu convidar certo cantor, recém-convertido ao evangelho, esperando obter algum retorno para a obra.
O cantor, conhecido no mundo artístico brasileiro, exigiu, além de hotel de luxo, quase vinte mil reais, para cantar numa só noite, num grande estádio de futebol. Como resultado, as "entradas" não cobriram o "cachê" , a igreja teve prejuízo e amargou grande decepção. Sem dúvida, isso só acontece por causa da vaidade de tais pessoas, e da ingenuidade de certos pastores, que, desejando ver "a casa cheia", convidam celebridades para atrair o povo. A Bíblia nos mostra que o caminho para angariar recursos para a "manutenção" da casa do Senhor é a doutrina sobre a mordomia cristã, no que concerne aos dízimos e ofertas, conforme Malaquias 3.10.
Vaidade nas mordomias
No passado, quando o evangelho chegou à nossa terra, trazido por homens de Deus, que foram pioneiros no desbravamento da obra, as condições de trabalho eram duras e difíceis. Muitos deles andaram a pé, distâncias enormes, que os faziam fadigados e doentes; muitos percorreram os rincões do país, no lombo de cavalos, ou atravessando rios em canoas, sujeitos aos riscos de viagens sem segurança; muitos se hospedarem à margem dos igarapés, infestados de mosquitos e ameaçados por animais selvagens; tomaram água suja e chegaram a ser vitimados pela malária ou pela febre amarela. A eles, muito devemos, pelo seu desprendimento, coragem e fé.
Hoje, no entanto, em geral, vemos que Deus tem propiciado condições de trabalho muito melhores aos obreiros, por esse Brasil a fora. As igrejas maiores podem conceder aos pastores moradia condigna, transportes pessoais, seguro-saúde, salário compatível e muito mais. É verdade que em grande parte, há obreiros que passam necessidades, injustamente. Entretanto, há os que, aproveitando-se da bênção de Deus sobre as igrejas, abusam das mordomias.
Há casos em que o obreiro rejeita a casa pastoral, porque a esposa não gosta do estilo do prédio, e passam a exigir casa com tanto conforto e luxo, nas dependências, que consomem os recursos da igreja. É importante que o pastor more condignamente. Mas não é preciso exibir riqueza e luxo. Por outro lado, há obreiros que exigem salário tão elevado, além decombustível para o carro particular, pagamento de todas as despesas da casa, carro para levar os filhos na escola, empregada, arrumadeira, vigia, etc., que chamam a atenção dos murmuradores contra a obra do Senhor.
Com isso, não desconhecemos a necessidade de um obreiro, líder de um grande trabalho, ter um tratamento adequado ao nível de suas responsabilidades. Se a igreja tem condições, é compreensível. Mas o exagero nesse aspecto, denota vaidade e desejo de aparecer perante a comunidade.
A vaidade na formação teológica
Há pouco mais de vinte anos, quem quisesse estudar teologia, em muitas igrejas, era considerado excêntrico e vaidoso. Muitos que ousaram ingressar num instituto bíblico, tiveram que fazê-lo às suas expensas, sem qualquer ajuda da igreja à qual eram filiados, e ainda assim, considerados malvistos pela liderança. Os tempos passaram e, por razões as mais diversas, como a exigência de melhores conhecimentos bíblicos e teológicos, ou o receio de ver grupos oriundos de certas igrejas arrebanharem os jovens para os cursos considerados "perigosos", as lideranças resolveram investir na área do ensino teológico.
Na última década, proliferaram, no Brasil, os mais variados tipos de escolas, cursos, seminários, institutos, faculdades, etc. , voltados para o ensino teológico. Muitos desses cursos não têm a menor condição técnica, ou mesmo bíblico-teológica para ministrar o ensino, e têm formado um grande número de obreiros , portadores de diploma até de bacharelado em Teologia. Como resultado, passou-se de uma carência de pessoas com curso teológico, para uma grande quantidade de pessoas diplomadas, mas com formação que deixa a desejar, em termos de conhecimentos bíblicos e teológicos.
Alguns desses formados, são obreiros vaidosos, que, possuídos de sentimento de superioridade, passam a desprezar os não formados, considerandos incapazes de exercer o ministério. Isso constitui uma vaidade, que leva muitos a assomarem aos púlpitos, sem unção e sem graça, confiando nos conhecimentos obtidos. A Bíblia nos adverte: "Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento" (Pv 3.5). Não se deve discriminar os obreiros formados em Teologia. Eles podem ser uma grande bênção para a ministração do ensino, da pesquisa bíblica e da evangelização. Mas não se deve deixar que os conhecimentos tomem o lugar do preparo espiritual para a pregação do evangelho, que se obtém de joelhos, orando e jejuando , na presença do Senhor.
Pastor da Assembléia de Deus em Parnamirim - RN.
(Publicado na Revista OBREIRO, nº 10, de março de 2000, pela CPAD). T
DESCAMINHO DAS INDIAS
Enquanto uma novela conquista o público, difundindo o hinduísmo, a maioria dos telespectadores não tem noção da realidade dessa religião, que está por trás da maior parte das idéias da Nova Era.
Ganesha.
Quando os deuses se enganam
O que pensar de um deus que corta a cabeça de um menino por engano e em troca lhe dá uma cabeça de elefante? Deuses que se enganam são deuses vãos. Eles não são confiáveis. Mesmo assim, têm adoradores que se sacrificam por eles:
Na revista alemã Der Spiegel apareceu a história de um adolescente indiano de 16 anos que decidiu fazer uma oferenda singular ao deus Shiva[1]. Sua peregrinação ao templo Trinath em Rourkela, na Índia, durou dez semanas. “Você jamais será alguém na vida!”, costumava dizer seu pai. Aswini Patel andava sempre sozinho e não era muito popular na escola, nem entre as crianças da vizinhança. Em casa, ele tinha de escutar acusações constantes de ser pouco inteligente e preguiçoso. Finalmente, ele decidiu não ouvir mais as ordens de ninguém. Ele decidiu que iria ouvir somente aos deuses. Aswini era especialmente fascinado por Shiva, o deus de muitos braços. Foi Shiva que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher. Em troca, deu-lhe uma cabeça de elefante. Assim surgiu um novo deus, chamado Ganesha. Essa história impressionou muito a Aswini.
O deus Shiva.
No começo de maio de 2008, depois de uma viagem penosa, o jovem finalmente chegou ao templo cinzento de Shiva. Tirou uma lâmina de barbear de seu bolso, olhou bem para o pequeno deus de pedra e murmurou: “Senhor Shiva”. Aí estendeu sua língua e cortou um pedaço dela, depositando-o como oferenda ao lado da estátua do seu ídolo. Seu grito de dor chamou a atenção da esposa de um sacerdote, que o socorreu. Algum tempo depois, a polícia levou Aswini ao hospital, onde foi imediatamente operado. Quando seu pai chegou no dia seguinte, só abraçou seu filho. Não o xingou nem o repreendeu pelo que tinha feito. Apenas disse que o rapaz era maluco e que tudo iria ficar bem. Os médicos explicaram que Aswini voltaria a falar em alguns meses e que o resto de sua língua iria se readaptar para articular as palavras.
A Bíblia deixa bem claro: “Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios” (1 Co 10.19-20).
É muito triste que um jovem de origem humilde tenha feito algo assim. Desprezado pelos conhecidos, impelido pelas religiões ao seu redor, movido pela esperança de uma vida melhor e em busca de atenção e afeto, Aswini se dispôs a um sacrifício dolorido. Mas, por trás desse gesto está toda a cruel realidade do demonismo, da fúria destrutiva de Satanás, de seu engano e de suas impiedosas mentiras.
O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados.
O jovem fez uma longa viagem e se dispôs a sacrificar um pedaço de sua língua a um deus que, por engano, cortou a cabeça do filho de sua mulher, dando-lhe em troca uma cabeça de elefante. Que deus é esse que se engana dessa forma e nem percebe estar matando seu próprio enteado? Na verdade, esses ídolos não são capazes de coisa nenhuma, pois não podem absolutamente nada, nem mesmo agir por engano:
“No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a ele os que os fazem e quanto neles confiam” (Sl 115.3-8).
O demonismo que está por trás dos ídolos é que impele as pessoas a atos tresloucados como o desse jovem indiano. Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.
Como é diferente desses falsos deuses aquilo que Pedro diz de Jesus: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68). Suas palavras poderiam ser transcritas assim: “Senhor, a quem poderíamos nos dirigir? Teria de haver alguém maior do que Tu! Mas não há ninguém. Tua grandeza suprema se mostra não em símbolos nem em sinais e milagres, mesmo que estes Te acompanhem, mas naquilo que Tu dizes e com o que Tu nos dás pela Tua Palavra. Tu tens as palavras da vida eterna, essa é a grande diferença. Ninguém do mundo visível ou invisível pode tentar comparar-se contigo. Ninguém é mais importante, mais consistente ou mais significativo do que Tu, e ninguém pode dar o que Tu dás. Diante de Ti todos os grandes deste mundo somem na insignificância. Por isso, está fora de questão para quem iremos e a quem nos dirigiremos com todo o nosso ser”.
Muitos sofrem com compulsões demoníacas por buscarem sua salvação nos lugares errados, ao invés de procurarem auxílio em Deus, que se revelou em Jesus Cristo e quer ajudar a cada um em qualquer situação.
No lugar de tentarmos ofertar alguma coisa a Deus tentando agradá-lO, foi Ele que se ofereceu em sacrifício através de Jesus Cristo (2 Co 5.18-19). Por meio desse sacrifício em nosso lugar recebemos o perdão dos nossos pecados e uma vida santificada, além de sermos considerados aperfeiçoados diante de Deus, em Jesus:
Perdão: “...agora... ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).
Santificação: “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10.10).
Perfeição: “Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.14).
Quem aceita, de forma pessoal, pela fé, o sacrifício de Jesus, passa a usufruir de todo o agrado de Deus: “pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Ts 1.9-10). (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br).
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